Endividamento cresce e atinge 79% das famílias; inadimplência é recorde

06/09/2022 06:06 • 3m de leitura

O número de famílias endividadas atingiu, em agosto, 79% do total de lares no país, informou a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) nesta segunda-feira (5). A alta de devedores foi de 1 ponto percentual em agosto ante julho, enquanto, em um ano, o avanço foi de 6,1 pontos. Para esse indicador, a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da CNC, considera dívidas a vencer no cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e de casa. A aceleração do endividamento em agosto foi semelhante nas duas faixas de renda pesquisadas. Para as famílias com rendimentos de até 10 salários mínimos, a alta da contratação de dívidas foi mais expressiva do que entre as famílias de maior renda – de 1,1 ponto percentual e 0,9 ponto, respectivamente. “A melhora no mercado de trabalho e as políticas de transferência de renda mais robustas têm favorecido os rendimentos das famílias nas faixas mais baixas, mas a inflação em nível ainda elevado desafia o poder de compra desses consumidores. O crédito tem sido uma forma importante para eles sustentarem o consumo”, analisa a economista da CNC responsável pela pesquisa, Izis Ferreira. O número de pessoas que atrasaram o pagamento de contas de consumo ou de dívidas também cresceu em agosto, alcançando 29,6% do total de famílias no país. A segunda alta consecutiva levou o indicador ao maior percentual da série histórica iniciada em 2010. “A alta do volume de famílias com contas atrasadas deu-se nas duas faixas de renda pesquisadas, mas foi maior entre as famílias de menor renda. Isso mostra os desafios que esses consumidores seguem enfrentando na gestão mensal de seus orçamentos”, afirma Izis Ferreira. O número de famílias brasileiras com dívidas em lojas do varejo avançou e atingiu 19,4% em agosto. A alta foi de 0,5 ponto percentual em relação a julho e de 1,2 ponto frente a agosto do ano passado. Segundo o indicador da CNC – que considera dívidas feitas diretamente com o comércio, via carnês e cartões de loja –, a alta é explicada pela procura por esse tipo de crédito pelas famílias de menor renda. Nos últimos quatro meses, o endividamento nos carnês subiu 1,8 ponto percentual dentro desse público, alcançando 19,8%. O endividamento entre os homens supera o das mulheres: 19,5%, contra 18,8%, respectivamente. “As famílias estão buscando alternativas de crédito mais baratas por conta da elevação dos juros, e o cartão de crédito foi o tipo de dívida com a segunda maior alta dos juros médios em um ano até junho, 17 pontos percentuais, segundo dados do Banco Central”, explica o presidente da CNC, José Roberto Tadros.

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