
A Acelen, controladora da Refinaria de Mataripe, na Bahia, elevou nesta quinta-feira (19) os preços do diesel e da gasolina, refletindo diretamente a recente alta do petróleo no mercado internacional. O reajuste médio foi de 4,5% para o diesel S-10 e de 4,2% para a gasolina, reduzindo parte da defasagem dos preços praticados em relação ao valor de paridade de importação (PPI). Na véspera, o diesel da Acelen estava 15% abaixo do PPI e a gasolina, 6%.A decisão da empresa ocorre em meio à disparada dos preços da commodity no mercado internacional. Somente em junho, o barril de petróleo acumula alta de 25%, impulsionada pela intensificação do conflito entre Israel e Irã. Nesta quinta, por volta do meio-dia, o barril era cotado a US$ 78,82, em alta de 2,8%. A Refinaria de Mataripe — antiga Refinaria Landulpho Alves (RLAM), privatizada em 2021 — responde por aproximadamente 14% da capacidade de refino do país. Desde sua aquisição, a Acelen vem praticando uma política de preços autônoma, desvinculada da Petrobras, que ainda domina cerca de 80% do setor de refino nacional. Apesar da pressão do mercado internacional, a Petrobras informou que, por ora, manterá seus preços. A presidente da estatal, Magda Chambriard, explicou que a empresa adota uma postura cautelosa e só realiza alterações quando detecta uma tendência de estabilidade. Os últimos reajustes promovidos pela companhia foram em maio (diesel) e junho (gasolina), ambos de redução.
Além do reajuste dos combustíveis, a Acelen aproveita o momento para reforçar sua atuação estratégica na transição energética. Durante o 41º Encontro Econômico Brasil-Alemanha, realizado na última segunda-feira (16), no Senai Cimatec, em Salvador, o vice-presidente de Comunicação, ESG e Relações Institucionais da empresa, Marcelo Lyra, destacou que a Bahia será protagonista na produção nacional de biocombustíveis. Segundo o executivo, a companhia está à frente de um dos maiores projetos do Brasil no setor, com investimentos previstos de US$ 3 bilhões — cerca de R$ 16,4 bilhões — para a produção de diesel verde e SAF (combustível sustentável de aviação). O projeto será desenvolvido majoritariamente em território baiano. Parte desse investimento já começa a se concretizar com o plantio da Macaúba, planta nativa utilizada como matéria-prima para os combustíveis renováveis. O cultivo está sendo realizado em Minas Gerais e também no Recôncavo baiano, com envolvimento direto de pequenos produtores e da agricultura familiar. Um centro de produção de mudas será inaugurado entre julho e agosto, no município mineiro de Montes Claros. Uma das fazendas experimentais, localizada em Cachoeira (BA), já iniciou o plantio em escala comercial, e vai servir como modelo para replicação em outras áreas.
De acordo com Marcelo Lyra, a Bahia reúne uma série de vantagens competitivas para assumir o protagonismo na transição energética brasileira. O estado conta com forte presença de energia solar, projetos de energia eólica e investimentos em etanol de milho no oeste baiano. A esse cenário soma-se agora a produção de diesel verde a partir da Macaúba. O executivo destacou também o papel do governo estadual na criação de um ambiente favorável ao investimento, por meio de programas como o Protener, que oferece segurança jurídica e fundiária aos projetos de energia limpa.
Muita Informação*