“A espécie descoberta na região mais profunda do oceano já tem plástico no organismo”, diz pesquisa

13/03/2020 04:05 • 3m de leitura

Cientistas descobriram uma nova espécie marinha na parte mais profunda do oceano e a batizaram em “homenagem” ao plástico encontrado em seu corpo. Eles a chamaram de Eurythenes plasticus, como forma de chamar a atenção para o impacto da poluição plástica que afeta milhares de espécies marinhas, incluindo aquelas que vivem a 7 km de profundidade, como é o caso desta. A espécie em questão é um anfípode semelhante a um camarão de aproximadamente cinco centímetros de comprimento capturado na Fossa das Marianas, entre o Japão e as Filipinas. A região é uma das mais profundas do Oceano Pacífico. A descoberta foi possível graças ao trabalho de uma equipe de pesquisadores da Universidade de Newcastle (Reino Unido). Segundo a pesquisa, apoiada pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF, na sigla em inglês) e publicada na revista científica Zootaxa, o anfípode estava contaminado com partículas de plástico do tipo PET (tereftalato de polietileno) — muito comum na fabricação de garrafas de água e utensílios domésticos. “A espécie recém-descoberta nos mostra as consequências de nosso manuseio inadequado de resíduos plásticos. Existem espécies que ainda não conhecemos, que vivem nos lugares mais profundos e remotos do planeta e já estão contaminadas com esse material”, disse Heike Vesper, diretora do Programa Marinho da WWF na Alemanha. “Os plásticos estão no ar que respiramos, na água que bebemos e agora também em animais que vivem longe da civilização humana”, acrescentou. A WWF enfatiza que a cada minuto o equivalente a um caminhão cheio de lixo plástico é jogado nos oceanos. O chefe da pesquisa, Alan Jamieson, explicou que, com esse nome, sua equipe procura “destacar o fato de que medidas imediatas devem ser tomadas para impedir a poluição massiva por plásticos nos oceanos”. “Lamentavelmente, é uma das coisas mais chamativas que encontramos nas novas espécies e acho que precisamos anotá-las no registro taxonômico”, acrescentou. O cientista lamentou o fato de ser uma nova espécie encontrada em um habitat inexplorado “e já estar contaminada com plástico”. Para sensibilizar as pessoas sobre esse problema e dizer a elas o que podem fazer, a WWF lançou a campanha “Sua dieta plástica” e uma petição — que já foi assinada por mais de 1,5 milhão de pessoas — direcionada a governos de todo o mundo para solicitar um acordo legalmente vinculante para impedir a poluição por plásticos. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente adverte que a cada ano mais de 8 milhões de toneladas de plástico acabam nos oceanos. Também alerta que a poluição por plásticos está presente em todos os lugares, das praias de Bali ao Polo Norte, e espera-se que até 2050 haja mais plástico do que peixes nos oceanos.

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