Ao menos uma pessoa morreu no Reino Unido vítima da variante ômicron do coronavírus, afirmou hoje o primeiro-ministro britânico Boris Johnson, que fez um alerta contra a crença de que a nova cepa é menos mortal que as anteriores e fez um apelo a favor da vacinação. Ele não divulgou a idade do paciente e nem se ele estava vacinado ou se apresentava comorbidades. “Infelizmente, sim, a ômicron está gerando hospitalizações e, infelizmente, pelo menos um paciente teve a morte por ômicron confirmada”, disse Johnson, durante visita a um centro de vacinas em Paddington, oeste de Londres. Segundo o ministro da Saúde britânico, Sajid Javid, 10 pessoas estão hospitalizadas na Inglaterra com a variante — no total, 3.137 foram diagnosticadas com a ômicron. “A ideia de que esta é, de alguma forma, uma versão mais branda do vírus, acho que é algo que precisamos deixar de lado e apenas reconhecer o ritmo com que ele [vírus] acelera pela população. Portanto, a melhor coisa que podemos fazer é obter nossos reforços [de vacina]”, disse Johnson. Segundo Javid, a variante, identificada inicialmente na África do Sul, se espalha a um “ritmo fenomenal” e já responde por cerca de 40% das infecções em Londres. Ontem, Johnson afirmou que um “maremoto” de ômicron está prestes a atingir o país. E o governo alertou que, se não forem adotadas medidas de prevenção, 1 milhão de pessoas poderá ser infectada pela nova variante até o fim de dezembro. Ontem, 1.239 novos casos da ômicron foram confirmados no país, elevando o total detectado para 3.137 — 65% a mais que os 1.898 acumulados até o dia anterior. “O Reino Unido detectou os primeiros casos da variante no país em 27 de novembro. O que sabemos sobre a ômicron é que ela está se espalhando a um ritmo fenomenal, algo que nunca vimos antes, as infecções [pela variante] estão dobrando a cada dois ou três dias. Isso significa que estamos diante de um maremoto de infecções, estamos novamente numa corrida entre a vacina e o virus”, afirmou Sajid Javid, ministro da Saúde britânico. Cientistas afirmam que a ômicron, muito mais transmissível que outras cepas, é capaz de infectar pessoas que receberam duas doses de vacina. Dados preliminares revelados na última sexta-feira apontaram que a eficácia da vacina contra infecções sintomáticas é significativamente menor contra a ômicron para quem recebeu duas doses, mas que uma terceira dose de ambas as vacinas usadas no país — Pfizer e Moderna — pode aumentar a proteção para mais de 70%. Segundo o ministro, apesar de os sintomas da cepa possivelmente serem mais leves, a não ser que o governo aja, o sistema de saúde poderá ficar sobrecarregado. Johnson acelera programa de doses de reforço Horas depois de especialistas do governo britânico elevarem o nível de alerta para a covid-19 para 4 numa escala de 5, Johnson afirmou num pronunciamento ontem que o programa de aplicação de doses de reforço deve ser acelerado. Johnson disse que as pessoas deveriam se apressar para receber uma dose de reforço para proteger “nossas liberdades e nosso modo de vida”, afirmando que o sistema de saúde teria dificuldades de lidar com hospitalizações se a variante se espalhasse por uma população somente duplamente imunizada. “Todos com mais de 18 anos aptos a serem vacinados na Inglaterra terão a chance de receber a dose de reforço antes do Ano Novo”, afirmou o premiê, que classificou a disseminação da ômicron de uma emergência. A partir desta semana, pessoas com mais de 18 anos poderão receber a terceira dose na Inglaterra, contanto que ao menos três meses tenham se passado desde a segunda. Para acelerar a imunização, 42 equipes militares serão acionadas, e novos locais de vacinação serão abertos. “Duas doses não são suficientes, mas três doses ainda oferecem excelente proteção contra infecções sintomáticas”, ressaltou Javid. Segundo a BBC, a meta anunciada por Johnson não significa que todos os adultos receberão a dose de reforço até o fim do ano, mas que terão a oportunidade de ao menos agendar a aplicação. Em resposta à ômicron, o primeiro-ministro pediu que as pessoas trabalhem de casa se possível a partir de hoje e determinou a obrigatoriedade de máscara em grande parte dos locais públicos fechados. Além disso, deverá ser obrigatório apresentar um certificado de vacinação ou um teste negativo para covid-19 para entrar em casas noturnas e grandes eventos a partir de quarta-feira, se a medida for aprovada pelo Parlamento. Brasil tem 11 casos confirmados O estado de São Paulo confirmou na noite de ontem o quinto caso da variante ômicron — o primeiro fora da capital. Segundo o governo paulista, a paciente é uma mulher de 40 anos, da cidade de Limeira, que foi completamente vacinada e tem apenas sintomas leves: tosse, dor de cabeça e coriza. Ela está em isolamento domiciliar e separada do marido e do filho, que tiveram resultado negativo no exame para a doença. Com a atualização, o total de infecções pela nova cepa do coronavírus no Brasil chega a 11 — cinco casos em São Paulo; dois em Goiás; dois no Rio Grande do Sul e dois no Distrito Federal. Dados divulgados ontem pelo consórcio de imprensa, do qual o UOL faz parte, mostram que, até o momento, 139.339.569 brasileiros foram imunizados com a segunda dose ou a dose única, o que representa 65,32% da população do país. Desde meados de janeiro, quando começou a campanha de vacinação contra a doença no país, 159.839.190 habitantes tomaram a primeira dose, correspondente a 74,93% da população nacional. O total de doses de reforço aplicadas até o momento é de 20.469.025. Já no Reino Unido, até agora, mais de 51 milhões de pessoas receberam a primeira dose da vacina – cerca de 89% das pessoas com mais de 12 anos. Mais de 46 milhões – 81% dos maiores de 12 anos – receberam ambas as doses. Mais de 20 milhões de doses de reforço foram administradas, segundo dados do NHS (serviço público de saúde local). O que a OMS recomenda A nova cepa foi classificada como “preocupante” pela OMS (Organização Mundial da Saúde). A decisão foi baseada na evidência científica de que a variante tem muitas mutações que influenciam no comportamento do vírus. Além de vacinação completa e de reforço quando oferecido, a orientação para evitar infecções continua a mesma para todas as variantes: manter distanciamento, lavar as mãos, usar máscara de forma adequada (cobrindo nariz e boca), lavar as mãos e evitar lugares fechados ou com aglomeração.