

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado, instalada no Senado, contará com dois senadores baianos entre seus integrantes: Jaques Wagner (PT) e Otto Alencar (PSD). O colegiado, que será oficialmente aberto na próxima terça-feira (4), terá como foco investigar a atuação e a expansão de milícias e facções criminosas em todo o país, em um momento em que o tema domina o debate público após a megaoperação realizada nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro. A ação das forças de segurança resultou na morte de 121 pessoas, segundo o governo fluminense, e expôs a força e a ramificação nacional de organizações criminosas como o Comando Vermelho (CV). Entre os alvos da operação no Rio, estavam também integrantes da facção que atuavam na Bahia. No total, 16 baianos ligados ao grupo foram presos, e um deles, Júlio Souza Silva, de 26 anos, foi morto. Ele era apontado como membro do CV na região do Nordeste de Amaralina, em Salvador. Além da Bahia, o Comando Vermelho tem presença em outros 24 estados.
A presença de Wagner e Otto na CPI amplia o peso político da Bahia nas discussões sobre segurança pública. Jaques Wagner, líder do governo no Senado, já defendeu uma atuação responsável e sem exploração política diante da escalada da violência. “Quem quiser tirar fatura política com o que aconteceu ontem no Rio de Janeiro está no caminho errado. Nós temos que dar as mãos porque a questão da segurança é um problema mundial. Acho que temos que tratar desse assunto com a seriedade que ele merece”, afirmou em sua conta oficial no X. Otto Alencar, por sua vez, tem histórico de participação em debates sobre segurança e infraestrutura no Senado e deve atuar como uma voz moderada no grupo, que reunirá tanto governistas quanto oposicionistas. Do lado do governo, além de Wagner, também participará o líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (SE). Já a oposição será representada por nomes como Flávio Bolsonaro (PL-RJ), presidente da Comissão de Segurança Pública da Casa, e Sérgio Moro (União-PR), ex-ministro da Justiça.
O requerimento que deu origem à CPI foi apresentado em fevereiro pelo senador Alessandro Vieira (MDB-SE), que deve ficar com a relatoria dos trabalhos. O colegiado contará com 11 integrantes titulares e sete suplentes, com prazo de funcionamento inicial de 120 dias. A presidência da comissão ainda será definida, mas a expectativa é de que o cargo seja ocupado por um nome de consenso entre governo e oposição. Segundo o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), o objetivo é apurar “a estruturação, a expansão e o funcionamento do crime organizado, com foco na atuação de milícias e facções”. Além dos senadores citados, também integram o grupo Marcos do Val (Podemos-ES), Nelsinho Trad (PSD-MS), Jorge Kajuru (PSB-GO) e Magno Malta (PL-ES). Entre os suplentes estão Marcio Bittar (PL-AC), Zenaide Maia (PSD-RN), Eduardo Girão (Novo-CE) e Fabiano Contarato (PT-ES). O Republicanos ainda não definiu seus representantes.
A criação da CPI ocorre em meio a uma série de operações policiais em diferentes estados que evidenciam o avanço das facções para além dos grandes centros urbanos. A presença do Comando Vermelho, originalmente do Rio de Janeiro, em regiões como o Nordeste de Amaralina e outras áreas de Salvador, acende o alerta para a interiorização do crime organizado. A expectativa é que a comissão não apenas investigue as conexões entre facções e milícias, mas também discuta medidas de enfrentamento que envolvam a cooperação entre estados e o governo federal. O tema deverá dominar os primeiros debates do colegiado, especialmente diante das repercussões políticas e sociais da operação no Rio. Com a presença de Wagner e Otto, a Bahia reforça sua representação em uma das CPIs mais sensíveis do atual cenário político, marcada pelo desafio de equilibrar o combate ao crime com a garantia de direitos e pela pressão de resultados concretos em meio à crescente violência no país.
Titulares: Alessandro Vieira (MDB-SE), Sérgio Moro (União-PR), Marcos do Val (Podemos-ES), Otto Alencar (PSD-BA), Nelsinho Trad (PSD-MS), Jorge Kajuru (PSB-GO), Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Magno Malta (PL-ES), Rogério Carvalho (PT-SE), Jaques Wagner (PT-BA).
Suplentes: Marcio Bittar (PL-AC), Zenaide Maia (PSD-RN), Eduardo Girão (Novo-CE), Fabiano Contarato (PT-ES).
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