Um ano após tragédia em Brumadinho, amostras de corpos ainda chegam ao IML

20/01/2020 03:00 • 2m de leitura

Quase um ano após o dia em que a barragem se desfez, em 25 de janeiro de 2019, e a lama engoliu a cidade, o IML ainda recebe diariamente fragmentos de corpos encontrados pelos Bombeiros de Minas Gerais. A corporação diz que o objetivo é encerrar os trabalhos com as 11 vítimas restantes identificadas. Por solidariedade às famílias, os legistas do IML passaram a tratar cada material humano como um caso, em vez de cadáveres, restos mortais e outras terminologias científicas comuns na área. No total, o instituto recebeu até agora 854 casos —79 eram corpos completos, 145 eram, na verdade, pedaços de animais e 44 ainda estão em aberto, ou seja, em processo de tentativa de extração do DNA. Em 81 casos, o material genético não pôde ser decodificado em razão do estado avançado de decomposição, que amplia a presença de bactérias. A expertise dos profissionais, a capacidade de lidar com um volume de trabalho inédito ali e os equipamentos doados pela Vale para agilizar a identificação são o legado da tragédia para o IML. “É um desastre que não tem dimensão, mas saímos melhores do que entramos, mais preparados”, diz Costa. “Desconheço algum caso de desastre no mundo, dessa magnitude, com essa taxa de sucesso de identificação”, completa o diretor, que foi convidado para palestrar sobre o rompimento da barragem em Brumadinho em simpósio da Interpol em Singapura. Os equipamentos doados pela Vale, segundo acordo intermediado pelo Ministério Público, serão incorporados ao patrimônio do IML. Um tomógrafo, por exemplo, foi usado recentemente nas vítimas mortas por suspeita de intoxicação da cerveja Backer.

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