A líder técnica para varíola dos macacos da OMS (Organização Mundial da Saúde), Rosamund Lewis, disse em uma coletiva de imprensa nesta terça-feira (26) que “a situação do Brasil [para a doença] é preocupante”. “É muito preocupante para países como o Brasil […] reportando um número significativo de casos”, afirmou. Até o momento, o país conta com 813 casos confirmados da doença, segundo o Ministério da Saúde. O saldo representa um incremento de 33% em comparação com a última sexta (22), quando havia 607 diagnósticos confirmados em todo o país. A maior parte dos casos se concentram no estado de São Paulo. A Secretaria de Estado da Saúde informou nesta segunda (25) que o estado já registrou 590 diagnósticos da doença. Comparando com a última sexta, houve o aumento de 26% nos casos da doença. A líder técnica da OMS também chamou atenção para problemas de testagem que podem afetar o país. “O que é […] importante é o acesso aos testes.” A organização declarou neste sábado (23) que a doença é considerada como emergência pública de preocupação global. “Nós acreditamos ser o momento deste anúncio, considerando que, dia após dia, mais países e pessoas têm sido afetados pela doença. Precisamos de coordenação e solidariedade para controlar esse surto”, disse Tedros Adhanom, diretor-geral da OMS. A varíola dos macacos é causada pelo monkeypox, um vírus do gênero orthopoxvirus. Outro patógeno que também é desse gênero é o que acarreta a varíola comum, doença erradicada em 1980. Os principais sintomas da doença são febre, mal-estar e dores no corpo. Então, o quadro evolui para o surgimento de lesões na pele, sendo o contato com essas feridas a principal forma de transmissão do vírus. No entanto, pesquisas já reportam que alguns pacientes desenvolvem essas lesões nas regiões genitais, anais ou orais. A hipótese é que isso aconteça porque a disseminação da doença está ocorrendo principalmente por contato sexual e na comunidade de homens que fazem sexo com outros homens. A OMS, por exemplo, já indicou que cerca de 90% dos diagnósticos se concentram nessa população. Um receio é que este cenário cause estigma a esses homens. “Estigma e discriminação podem ser mais perigosos que qualquer vírus”, afirmou Adhanom. A vacinação de populações chaves e pessoas que tiveram contato com pacientes é uma forma eficaz de evitar a transmissão, mas a expectativa é de que a vacina demore para chegar ao Brasil.