O Brasília Shopping decidiu este ano abrir as portas antes do horário comercial para receber crianças e jovens com autismo que desejam conhecer o Papai Noel. O centro comercial, no coração da capital da república, preparou um ambiente especial para garantir que todos se sentissem bem: sem o burburinho comum do final de ano, música ou luzes fortes. A ação começou na semana passada e vai até esta segunda, 23, antes da abertura das lojas porque pessoas com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) não se sentem confortáveis em lugares movimentados. Karen Catite, mãe do João, de 6 anos, disse que se “arrepiou de felicidade”. Até esta semana, o menino nunca tinha chegado perto de um Papai Noel. “Foi o único que ele já chegou abraçando e tão feliz assim. Ele até abençoou o papai Noel”, disse a mãe ao G1. Já Mayara tem 21 anos mas, segundo a mãe, é como se fosse uma menina de 8 anos. Quando elas chegaram ao shopping, a jovem foi correndo em direção ao Papai Noel, deu um enorme abraço nele e falou baixinho algumas palavras que a mãe, atenta, ouviu. “Ela falou pra ele: eu amo você, Papai Noel”, contou Cleide, a mãe de Mayara. Ela sempre imaginou uma foto da filha com o Papai Noel. Mas como submeter a jovem às filas imensas e ao burburinho dos shoppings nessa época do ano? “Falei pra ela assim: você não quer ver o Papai Noel que chegou lá do Polo Norte só pra te ver? Aí ela se arrumou todinha pra ver ele”, contou Cleide ao G1, emocionada. Mayara ficou um bom tempo no shopping e, quando não tinha ninguém na fila, ela voltava até a poltrona ficar ao lado do Papai Noel. Já o pequeno Vinícius, de 3 anos, foi chegando, devagar, cada vez mais perto do Papai Noel, que chamou a atenção do menino com um pirulito. De repente, Vinícius sentou na poltrona gigante, ganhou o doce e retribuiu com um abraço no Papai Noel. Os pais pareciam nem acreditar. O menino ainda aceitou tirar uma foto de Natal com a família. Há 19 anos, nesta época do ano, o fuzileiro naval aposentado Fernando Xavier se transforma em Papai Noel. Ele conta que se emocionou com o carinho que recebeu. “Não tem como falar com essas crianças, receber um abraço, um beijo e não se emocionar. Não tem como, todo Papai Noel chora com isso, não tem jeito”, concluiu. Para a professora Silvia Oliveira, que trabalha com autismo, a iniciativa do shopping permite a inclusão, respeitando as características de quem tem a síndrome. “Vim aqui só para ver, porque é uma ação muito linda que emociona a gente que convive com essas pessoas que precisam desse carinho especial”, afirmou. “Quem não está envolvido nesse mundo, não percebe. Mas pra quem tá dentro e conhece a realidade dessas crianças, nossa, eu até me arrepio.” Nos Estados Unidos e no Canadá, Papai Noel chega a se deitar no chão para atender crianças autistas, como mostrou o SóNotíciaBoa na semana passada.