
A Secretaria da Saúde da Bahia (Sesab) confirmou, neste domingo (05), que os dois casos suspeitos de intoxicação por metanol registrados no estado foram descartados após análises técnicas realizadas em reunião emergencial no Centro Administrativo da Bahia (CAB), em Salvador. Os casos investigados ocorreram em Feira de Santana e Salvador. De acordo com a Sesab, não houve contaminação nem adulteração das bebidas consumidas. O encontro contou com representantes do Conselho dos Secretários Municipais de Saúde da Bahia (Cosems-BA), do Departamento de Polícia Técnica (DPT), da Polícia Civil, das secretarias municipais de Saúde e das diretorias de vigilância das duas cidades envolvidas.
Durante a reunião, também estiveram presentes o Procon-BA, a Delegacia de Defesa do Consumidor (Decon-BA), a Secretaria de Comunicação da Bahia (Secom) e o Conselho Estadual de Saúde, em articulação com o Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Os órgãos avaliaram estratégias para ampliar o monitoramento de bebidas alcoólicas adulteradas e prevenir novas ocorrências. Segundo a Sesab, a Bahia recebeu 90 unidades de etanol farmacêutico, antídoto utilizado no tratamento de intoxicações por metanol, distribuídas pelo Ministério da Saúde. Ao todo, o governo federal encaminhou 580 ampolas do medicamento para diferentes estados, sendo 240 para Pernambuco, 100 para o Paraná, 90 para o Distrito Federal e 60 para o Mato Grosso do Sul. O objetivo é garantir que as unidades hospitalares tenham condições imediatas de resposta em casos de emergência. A secretária da Saúde da Bahia, Roberta Santana, explicou que a ação faz parte de um plano nacional de prevenção. “Trata-se de uma medida de precaução e organização que garante ao Estado condições imediatas de resposta em situações de risco”, afirmou.
Para reforçar o diagnóstico, a Rede Nacional de Laboratórios de Vigilância Sanitária (RNLVISA) mobilizou três unidades com estrutura para análises imediatas: o Lacen-DF, o Laboratório Municipal de São Paulo e o Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz). A Anvisa também mapeou 604 farmácias de manipulação aptas a produzir o etanol farmacêutico, assegurando cobertura em todas as capitais do país. Além disso, sete fornecedoras internacionais foram identificadas com capacidade de produção do fomepizol, outro antídoto usado no tratamento de intoxicações por metanol. Com as ações de vigilância reforçadas, a Sesab informou que continuará acompanhando possíveis novos casos no estado, mantendo a rede hospitalar em alerta e articulada com o Ministério da Saúde.
Enquanto os casos na Bahia foram descartados, o Ministério da Saúde confirmou 195 notificações de intoxicação por metanol no país, sendo 14 confirmadas laboratorialmente e 181 em investigação. Os dados constam em boletim do Centro de Informações Estratégicas e Resposta em Vigilância em Saúde Nacional (Cievs). O estado de São Paulo concentra a maioria das ocorrências, com 162 notificações, das quais 14 foram confirmadas. Também há registros em Pernambuco (11 casos), Mato Grosso do Sul (5), Paraná (3), Bahia (2) e em outros estados como Goiás, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. Até o momento, 13 mortes estão associadas à suspeita de intoxicação por metanol, sendo uma confirmada oficialmente em São Paulo. A gravidade dos casos levou o Ministério da Saúde a criar uma sala de situação nacional para coordenar as ações de vigilância e fortalecer a resposta dos estados.
Especialistas alertam que a ingestão de bebidas alcoólicas adulteradas com metanol representa risco grave à saúde. Mesmo pequenas quantidades podem causar cegueira irreversível, coma ou morte em poucas horas. Os sintomas incluem visão turva, náuseas, vômitos, tontura e dores abdominais. Diante de qualquer sinal após o consumo de bebida de origem duvidosa, o Ministério da Saúde orienta procurar atendimento médico de urgência. Também é possível buscar ajuda gratuita pelo Disque-Intoxicação da Anvisa (0800 722 6001) ou nos centros de informação e assistência toxicológica disponíveis em diversos estados. A Sesab reforçou que a orientação preventiva e o consumo responsável são fundamentais para evitar casos de intoxicação e que segue monitorando a situação em articulação com os órgãos de vigilância sanitária.
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