Abandonar animais domésticos tem sido uma prática muito comum no país e atinge números alarmantes. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil tem 30 milhões de animais abandonados, sendo 10 milhões de gatos. A necessidade do cuidado com os bichos, principalmente aqueles amparados por ONGs, fez com que os alunos Gabriel Lima e Vinicius da Silva, do Centro Territorial de Educação Profissional do Sisal (CETEPS), localizado em Serrinha, sob orientação de Thales Nascimento, desenvolvessem um projeto que utiliza resíduos de coco verde para criar uma areia sanitária sustentável e biodegradável. O projeto faz parte do Programa Ciência na Escola, da Secretaria de Educação, e foi um dos vencedores da 10ª Feira de Ciências, Empreendedorismo e Inovação da Bahia (Feciba). Também vencedor no Seminário Territorial de Educação Profissional do Estado da Bahia em dezembro de 2023. E agora são finalista na Febrace 2024, que acontecerá entre os dia 18 e 22 de Março na USP em São Paulo. A Febrace, abreviação para Feira Brasileira de Ciências e Engenharia, é um programa que incentiva e cria oportunidades para jovens e educadores da educação básica nas áreas de STEAM – Ciências, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática. Anualmente, a Febrace realiza uma grande feira de projetos na USP, proporcionando um espaço para que jovens talentos possam mostrar suas inovações e criatividade.
O projeto passou por uma avaliação on-line por mestres e doutores da USP, e ficou entre os 10 melhores projetos da Rede Estadual da Bahia. “Além de produzir areia para doação do abrigo, com a utilização do triturador industrial, nos permite também a venda do produto para pet shops para obtenção de lucro. Assim, conseguimos exercer nosso perfil empreendedor, que consiste em transformar um problema em uma solução, produzindo uma areia barata, biodegradável e sustentável”, diz Thales, orientador do projeto.
O Projeto
A areia tem como matéria-prima o coco verde, muito consumido na Bahia. Lavinia explica como é realizada a fabricação do produto. “O processo começa com a coleta dos cocos descartados. Em seguida, os cocos são descascados para separar a casca da fibra, utilizando um facão. A fibra é cortada em pedaços menores e mergulhada em água por cinco minutos para facilitar a trituração. Depois de triturada, a fibra é exposta ao sol para secar, retirando o excesso de bagaço e deixando apenas os granulados da fibra, que formam a areia sanitária”. Segundo o orientador, a ideia surgiu em uma visita à Associação Vidas, uma ONG dedicada ao cuidado de gatos de rua. “A situação financeira que a ONG se encontrava influenciou no surgimento da ideia de desenvolver algo para substituir a areia sanitária industrial por uma areia de baixo custo. Durante essa discussão, surgiu também a percepção de que a venda de água de coco nas ruas resultava em uma abundância de resíduos. Esses dois pontos convergiram na concepção de uma alternativa de baixo custo e ecológica, dando origem ao nosso produto”, diz.
Para Vinicius, a proposta desenvolvida pelo grupo é motivo de satisfação. “Temos muito orgulho do nosso produto. É extremamente gratificante produzir essa areia praticamente sem custos e doá-la para uma ONG, que desempenha um papel social crucial. Além de diminuir a quantidade de cocos que vai para o lixão, contribuímos também para a redução da proliferação do mosquito Aedes aegypti, tendo um impacto positivo tanto no meio ambiente quanto na saúde pública. Agradecemos o cuidado e o suporte das gestoras da nossa escola Ledna Menezes e Jackeline Lisboa, além da nossa técnica Istefani. E Isso mostra como o Cetep Sisal promove uma educação profissional pública de qualidade e de inovação”, finalizou.