O presidente da Funai, Marcelo Xavier, foi obrigado a deixar um evento em defesa dos povos indígenas em Madri, depois que o ex-funcionário do órgão Ricardo Rao, denunciou a presença de Xavier na plateia, alegando que ele não teria motivo para estar naquela sala. Constrangido, Xavier deixou o local. O incidente ocorreu na XV Assembleia Geral da FILAC, o Fundo para o Desenvolvimento dos Povos Indígenas da América Latina e Caribe. O mecanismo se reúne nesta semana na sede do Ministério das Relações Exteriores da Espanha. O momento foi registrado em vídeo. Esse homem não pertence aqui. Esse homem é um assassino, esse homem é um miliciano. Ele é responsável pela morte de Bruno (Pereira) e Dom Phillips. Você um miliciano, bandido”, esbravejou Rao. Rao entrou na Funai em 2010, no mesmo período de Bruno Pereira, assassinado no Vale do Javari (AM). Em 2019, quando atuava na Funai do Maranhão e após diversas ameaças de morte, ver companheiros assassinados e ter até uma arma apontada para sua cabeça, ele se viu obrigado a sair do Brasil. Hoje, vive em Roma, depois de ter passado dois anos na Noruega com um status temporário de exilado. “A milícia controla hoje a Funai. Sempre recebemos ameaças. Bruno recebeu, eu recebi e até minha mãe recebeu. Agora, a diferença é que as ameaças se cumprem. Quem faz a ameaça acha que pode matar. Afinal, o Bolsonaro falou, não é”, afirmou em entrevista para o Uol. “Eu quero voltar um dia. Mas não sei como. Eu tentei fazer barulho antes. Bruno ficou e morreu”, completou o indigenista, indignado. A Funai foi procurada pela reportagem do Uol, mas não respondeu aos questionamentos.