Um investigador da Polícia Civil de 36 anos caminhava pelo calçadão da praia de Santos, no litoral de São Paulo, quando se deparou com uma carteira com mais de R$ 2 mil, além de cartões e documentos pessoais. Luiz Antônio Francisco Neto fez uma busca até localizar o dono e devolver tudo a ele. O porteiro Félix de Souza, de 42 anos, que mora em São Vicente, cidade vizinha, passava de bicicleta pela ciclovia de Santos, a caminho do prédio em que trabalha, localizado na altura do Canal 4, na última quarta-feira (7), quando perdeu a carteira. Em entrevista ao G1 nesta sexta (9), Souza relatou que levou um grande susto quando notou que havia perdido todo o salário. “Eu entro 12h e vinha de bicicleta. Mas, próximo ao Canal 3, o pneu furou, e eu liguei para o zelador, para avisar que isso tinha acontecido, mas que chegaria lá. Para adiantar, dei uma pedalada mais rápida, e estava com a mochila pesada, porque levava a capa de chuva, uniforme. Só que a minha carteira estava bem em cima da mochila, e eu não tinha fechado os zíperes direito”, lembra. Segundo o porteiro, nesse momento em que pedalou mais rápido, o zíper abriu mais, e a carteira acabou caindo pouco depois do Canal 3, perto da Rua Oswaldo Cruz. Contudo, ele só percebeu quando chegou ao serviço. “Na ânsia de chegar no trabalho, não notei. Mas, quando estava dentro do condomínio, que tirei minha mochila das costas e olhei, vi que estava aberta”, conta. “Naquele momento, coloquei minha mão na cabeça e pensei o que faria naquela hora. Era todo o meu salário, que eu tinha acabado de receber, em um mês em que me esforcei muito, vinha debaixo de chuva para garantir meu ganha pão. Veio aquele desespero e chorei, não teve como não chorar. Quem estava do meu lado acompanhou meu sofrimento. Eu só pensava ‘e agora? Como vou pagar minhas contas?’”, diz. Souza não conseguiu trabalhar naquela hora, e pediu para o colega de trabalho cobri-lo enquanto ele voltava pelo trajeto. Mas, ao retornar, apesar de olhar todo o caminho e perguntar para algumas pessoas que estavam pelo local, não encontrou a carteira. Ele chegou a ir à delegacia para registrar boletim de ocorrência, mas como não tinha a numeração de onde perdeu os pertences, ficou de retornar depois. “Tive que voltar para o trabalho, mas passei o dia chateado, e mais desesperado ainda, só pensando naquilo”, afirma. O que ele não sabia era que o investigador Luiz Antônio, lotado no 2º DP de Cubatão, já havia encontrado a carteira, pouco tempo depois que ele a perdeu, e já tentava localizá-lo por meio de seus dados pessoais, que constavam nos documentos. No fim da tarde do mesmo dia, após conseguir o contato telefônico do porteiro, o policial ligou avisando que estava com a carteira dele, que todo o dinheiro e pertences estavam intactos, e que iria até o serviço dele para entregar tudo. “Eu estava caminhando no calçadão, quando encontrei a carteira, e depois já comecei a tentar localizar ele. Depois de ligar, durante a noite, já levei. Depois que entreguei, fiquei feliz e com sentimento de dever de cidadão cumprido”, destaca o policial. Souza afirma que, ao receber a ligação do investigador, nem conseguia acreditar que aquilo estava acontecendo. “Eu estou desacreditado até agora, em choque e ao mesmo tempo contente. O policial foi muito humilde e me ajudou demais com a ação dele, realmente me salvou. Parece até que a ficha ainda não caiu. Estou muito feliz mesmo”, finaliza.