Policial baleado por colegas no sul da Bahia diz que militares dormiam quando quarto foi invadido

29/09/2022 06:05 • 4m de leitura

O sargento da Polícia Militar, D’Almeida, que está entre os baleados na ação policial que terminou com um subtenente morto e três militares feridos em uma pousada na cidade de Itajuípe, no sul do estado, contou que as vítimas dormiam quando tiveram o quarto invadido por colegas da corporação. “Nós saímos para jantar de noite, depois retornamos para o hotel. Eu até liguei a televisão um pouquinho, tomei banho e como estava muito cansado, porque dirigi, comi logo e não demorei para dormir”, contou o sargento. “Só acordei com os barulhos de tiro, fui alvejado duas vezes, eu não sei se caí no chão ou se me joguei. Aí os policiais entraram, quebraram a janela e a porta e eu falava gritando o tempo todo: ‘Eu sou polícia”‘. Ainda assim, me alvejaram mais três vezes”, contou D’Almeida. O caso aconteceu na noite de terça-feira (27). O relato do sargento contradiz a versão da Polícia Militar, que afirmou que uma equipe da corporação foi até a pousada para fazer abordagens, após receber a informação de que um suspeito de assalto a bancos estava no local. Conforme o órgão, os quatro militares teriam reagido e foram baleados. Dois deles fariam a segurança do candidato ao Governo da Bahia, ACM Neto (União Brasil), que teria agenda de campanha em Coaraci, município vizinho, nesta quarta (28). O caso é investigado pela Corregedoria da PM. No vídeo, que viralizou nas redes sociais, D’Almeida conta que, baleado, chegou a avisar que também era policial e pediu ajuda, mas não foi atendido. O sargento está internado no Hospital de Base de Itabuna. O estado de saúde dele é estável e não há risco de morte. “Me deixaram lá e eu gritando: ‘Eu sou polícia, me dê socorro’. Eles não me deram, eu saí me arrastando até a porta do quarto, chegando lá consegui me encostar na parede, fiquei sangrando muito e um policial o tempo todo apontando um fuzil para mim”, afirmou o sargento no vídeo. D’Almeida relatou ainda que um dos policiais disse ia matá-lo. “Ele falava: ‘Cale a boca, deixa de conversa, eu sei quem você é’, e eu pedindo a ele socorro. Ele disse que vinha uma ambulância de outro município e eu falei: ‘A gente está com o carro aí ou se não, me dê socorro na viatura'”, contou.

Simulação de troca de tiros

De acordo com o sargento, ele foi conduzido ao hospital cerca de uma hora depois de ser baleado. só “Eles me conduziram na viatura e ainda assim, de forma hostil. O policial o tempo todo falando comigo para ficar quieto”. No vídeo, D’Almeida também disse que os policiais usaram sua arma para simular uma troca de tiros dentro do quarto. “Fizeram vários disparos com a minha arma dentro do quarto. Eles mesmos dispararam lá e depois me trouxeram para o hospital. Sequer me ajudaram a sair da viatura, eu com o braço com fratura exposta pendurado, e eles não me ajudaram”, disse.

Quem eram os PMs hospedados

Um dos PMs baleados que trabalharia para ACM Neto foi o subtenente da corporação identificado como Alves. Ele morreu na ação. Alves estava com o colega, sargento D’Almeida, fora do serviço militar. Os tiros que atingiram os dois policiais partiram da Polícia Militar e não tiveram relação com a campanha política, de acordo com a corporação. Não há detalhes sobre o estado de saúde dos outros dois policiais que também estavam no quarto e ficaram feridos na ação. Eles não iriam trabalhar na campanha de ACM Neto. A assessoria de campanha de Neto cancelou a agenda da campanha nesta quarta. O candidato se solidarizou com os familiares do subtenente Alves e desejou recuperação ao sargento D’Almeida.

*Muita Informação

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