Petróleo é cotado abaixo de zero em Nova York pela primeira vez na história

20/04/2020 05:30 • 3m de leitura

O preço do barril do petróleo sofre uma queda histórica nesta segunda-feira, 20. Por volta das 15h, o óleo tipo WTI cai 110,95%, cotado abaixo de zero, a US$ 1,43 negativo em Nova York. É a primeira vez que isso acontece na história da commodity. Embora o colapso se refira aos contratos para entrega em maio, que vencem na terça-feira, 21, ele mostra que há um excesso de estoques do produto por conta da brutal queda na demanda, e isso vai se refletir cada vez mais nos preços. Os contratos para junho do óleo WTI estão cotados a cerca de US$ 22, uma queda de 8%. Já o óleo Brent, em Londres, também para entrega em junho, recuava 6%, cotado a US$ 26 o barril. No mundo todo, há sinais de falta de locais para armazenamento do produto. De acordo com a Reuters, há atualmente cerca de 160 milhões de barris armazenados em navios-tanque, um número recorde, bem acima dos 100 milhões de barris armazenados dessa forma no auge da crise financeira iniciada em 2008. Os estoques de petróleo em Cushing – o principal centro de armazenamento nos EUA – aumentaram 48%, para quase 55 milhões de barris, desde o final de fevereiro. O hub tinha capacidade de armazenamento operacional de 76 milhões em 30 de setembro, segundo a Energy Information Administration. Os negociantes no Texas chegam a oferecer US$ 2 pelo barril em algumas situações, aumentando a possibilidade de que os produtores, em breve, tenham até de pagar para que o petróleo seja retirado de suas mãos. A China anunciou na sexta-feira, 17, sua primeira contração econômica em décadas, uma indicação do que está por vir em outras grandes economias que ainda precisam sair dos bloqueios provocados pelo coronavírus. “Não há limite para o lado negativo dos preços quando os estoques e os oleodutos estão cheios”, disse Pierre Andurand, gerente de fundos de hedge de commodities, no Twitter. “Preços negativos são possíveis.” O colapso dos preços está repercutindo em toda a indústria de petróleo. Empresas de exploração reduziram em 13% a perfuração na semana passada. Mas, embora isso possa reduzir a produção, com as empresas diminuindo seus gastos, pode não ser suficiente. “A redução na exploração nos EUA está ganhando ritmo, mas não é rápida o suficiente para evitar o gargalo no armazenamento”, disse Paul Horsnell, chefe de commodities da Standard Chartered.

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