Pesquisadora que desenvolve estudos na Bahia é eleita membro de academia mundial: ‘vida dedicada à ciência’

11/03/2025 07:01 • 3m de leitura

“Minha vida é dedicada à ciência”, afirma a bióloga e pesquisadora Milena Soares, que recentemente foi eleita membro da Academia Mundial de Ciências para o Avanço da Ciência nos Países em Desenvolvimento. Imortal a “nível global”, ela também faz parte da Academia de Ciências da Bahia e da Academia Brasileira de Ciências. Apesar de ter nascido no Rio de Janeiro, onde iniciou a formação como bióloga na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Milena já mora na Bahia há mais de 20 anos. Ela trabalha como professora titular do Instituto Tecnológico em Saúde do Senai Cimatec e também como pesquisadora titular do Instituto Gonçalo Moniz, Fiocruz Bahia. Nos dois locais, a bióloga desenvolve pesquisas sobre doenças negligenciadas, como leishmaniose e chagas, além de pesquisas sobre terapias celulares e gênicas. O objetivo é desenvolver tratamentos que possam chegar a toda população, independente da classe social. Para Milena, foi a ênfase nesse tipo de projeto que a fez ser indicada para a academia mundial. Após a indicação do nome pela Academia Brasileira de Ciências, ela precisou enviar um dossiê sobre os seus estudos e cartas de recomendação de pesquisadores reconhecidos mundialmente. “O Brasil tem suas dificuldades, mas fica muita a frente de outros países em desenvolvimento. É muito importante contribuir com pesquisas de outros países e apoiar jovens pesquisadores”, afirmou.

Interesse pela biologia e desafios da profissão

A paixão de Milena pela área apareceu cedo, quando ela tinha cerca de 14 anos. O irmão mais velho, que também gostava de ciências, resolveu montar um laboratório de química dentro de casa, o que ela considerou muito importante: “descobri que não gostava de química”, brincou. O interesse era mesmo pela física e biologia. Por isso, estudou Ciências Biológicas (bacharelado em Genética) na Universidade Federal do Rio de Janeiro e fez doutorado em Ciências Biológicas (Biofísica) pela mesma instituição, com doutorado sanduíche na Harvard University (EUA). “O reconhecimento é fruto de um trabalho árduo, porque ser pesquisadora no Brasil não é para os fracos”, disse. Para Milena, o futuro da pesquisa científica é preocupante não só no Brasil, mas no mundo. Devido a falta de incentivo, salários pouco atrativos e longo tempo de formação, muitos jovens desistem da área. “Minha maior preocupação agora é em relação a queda de interesse na carreira científica de modo geral. É preciso melhorar as condições para atrair mais pessoas”, concluiu.

g1*

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