O PDT anunciou nesta sexta-feira (5) a vice-prefeita de Salvador (BA), Ana Paula Matos, como candidata a vice-presidente na chapa de Ciro Gomes nas eleições deste ano. O anúncio aconteceu no último dia previsto para a definição das chapas. Pesquisa Datafolha divulgada na semana passada mostrou Ciro em terceiro lugar, com 8% das intenções de voto, atrás de Lula (PT), que aparece com 47%, e de Jair Bolsonaro (PL), com 29%. Esta é a quarta vez que Ciro Gomes disputa a Presidência da República. Ex-governador do Ceará, Ciro também concorreu ao Palácio do Planalto em 1998, 2002 e 2018, mas nunca chegou ao segundo turno.
‘Um governo feminino’
Ana Paula foi apresentada oficialmente em uma entrevista coletiva na sede do PDT, em Brasília. A candidata a vice fez um discurso no qual ressaltou o seu currículo – é advogada e administradora – e disse que, ao lado de Ciro, vai trabalhar pela defesa do desenvolvimento econômico e social. “Eu me orgulho da minha história, da mulher negra que sou, mulher de pele parda que não tem lugar de fala, de quem sofreu preconceito pela cor da pele, mas que tem lugar de fala pelo combate ao racismo e a toda e qualquer forma de preconceito”, disse Ana Paula. “Sou conciliadora, mas firme. Sou forte, e quero junto com vocês apresentar ao Brasil um projeto de desenvolvimento econômico e social. Não acredito em desenvolvimento econômico sem o social”, acrescentou. Ciro afirmou que, entre as colaborações da pedetista, estará a de ajudar no desenvolvimento do programa de governo O candidato à Presidência destacou que o partido escolheu “uma mulher negra, de origem humilde, que fez da sua luta contra todos os estigmas e discriminações um ato de vitórias sucessivas”. “Ela vem especialmente para me ajudar a fazer do meu governo um governo feminino. Nós todos somos vítimas do patriarcado, qualquer um de nós já reproduziu piada machista, mas isso só vai ser superado quando nos empoderarmos de verdade as mulheres”, afirmou o candidato à Presidência. Carlos Lupi, presidente do PDT, destacou que a vice representa uma “contrabalança” a Ciro Gomes. “A questão da representação que um partido como o nosso quer ter para se diferenciar. O Ciro, que é um homem que tem uma experiência larga, muito já conhecido, faz com a Ana uma espécie de contrabalança no seu perfil: mulher, negra, mais de uma área de comunidade. No fundo, desculpe a sinceridade, é a gente querer mostrar para a sociedade um quadro de superação”, disse Lupi.
Busca por vice
Antes de decidir por uma candidata a vice do PDT, Ciro Gomes tentou, sem sucesso, alianças com os partidos União Brasil e PSD. E a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, da Rede, era vista como a “vice dos sonhos” pela campanha pedetista. No entanto, na quinta-feira (4), durante entrevista em Brasília, Ciro já admitia que não conseguiria formar uma coligação com outra sigla. Na avaliação do candidato, outros partidos não quiseram se aliar ao PDT por causa das ideias que ele defende. Para ele, outras siglas são favoráveis à manutenção dos modelos econômico e de governança vigentes no país. “Evidentemente, você não pode esperar que uma fração do sistema, comprometida com o modelo econômico e de governança política que eu quero revogar e digo como, que venha ao meu socorro”, afirmou o presidenciável. Além de Ana Paula Matos, outras filiadas ao PDT estavam cotadas para ocupar a função de vice em uma chapa “puro sangue”, encabeçada por Ciro Gomes: Juliana Brizola, deputada estadual no Rio Grande do Sul; Martha Rocha, deputada estadual no Rio de Janeiro; Suely Vilela, ex-reitora da USP; e Isabella de Roldão, vice-prefeita do Recife (PE).