Morre aos 104 anos Dona Cadu, a ceramista mais velha em atividade no Brasil; conheça

22/05/2024 06:04 • 4m de leitura

Morreu, nesta terça-feira (21), no município de São Félix, na região metropolitana de Salvador, a sambadeira, mestra ceramista e líder comunitária Ricardina Pereira da Silva, a Dona Cadu, aos 104 anos. Nascida no dia 14 de abril de 1920, a Fazenda Pilar, em São Félix, se mudou para o Povoado de Coqueiros, em Maragogipe aos 22 anos após se casar. Figura simbólica do município, Dona Cadu era a ceramista mais antiga em atividade no Brasil. Em 2020, Dona Cadu foi titulada pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) como Doutora Honoris Causa, pela sua contribuição à cultura local do recôncavo baiano, e posteriormente, em 2021, foi reconhecida também pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). A ceramista também foi identificada como “Tesouro Vivo”, com base nos termos propostos pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Moradora de Maragogipe, Dona Cadu se sentiu mal na segunda-feira (20), mas realizou algumas atividades na manhã de hoje e ao descansar, faleceu. Não há informações se ela estava enfrentando algum problema de saúde. Em nota, a família agradeceu as orações e o apoio da comunidade. “Com imensa dor e pesar, comunicamos o falecimento da querida Dona Cadu, que partiu nesta madrugada, deixando um vazio imenso em nosso corações. Dona Cadu era uma mulher amável, com coração gigante, bondosa, alegre e amável. Sua presença sempre alegrava o ambiente e ela deixará saudades eternas em todos que a conheceram. Ainda não temos detalhes sobre o funeral e velório. Assim que as informações forem definidas, comunicaremos a todos. Agradecemos as orações e o apoio neste momento difícil”. O velório de Dona Cadu aconteceu na Câmara de Vereadores de Maragogipe, e às 14h30 desta terça-feira (21), ocorrerá uma missa na Igreja Nossa Senhora da Conceição dos Coqueiros e o sepultamento está marcado para às 17h30, também em Coqueiros. A UFRB também publicou, nesta terça-feira, uma nota em homenagem a Doutura e declarou luto oficial de três dias na instituição. Confira a nota na íntegra: 

Dona Cadu foi agraciada com o título de Doutora Honoris Causa pela UFRB e UFBA. — Foto: Divulgação/UFRB

“A Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) manifesta o seu profundo pesar pelo falecimento da mestra da cultura popular do Recôncavo Ricardina Pereira da Silva, conhecida carinhosamente como Dona Cadu, na madrugada desta terça-feira, dia 21 de maio de 2024, aos 104 anos.


Nascida em 14 de abril de 1920 na cidade de São Félix, Recôncavo da Bahia, Dona Cadu era uma mulher negra, mãe, líder comunitária, guardiã de saberes ancestrais, memória viva de confluências afro-indígenas, sambadeira e a mestra ceramista mais antiga de Coqueiros, distrito de Maragogipe, Bahia, dedicando mais de 90 anos ao ofício.


Em 2020, Dona Cadu foi agraciada com o título de Doutora Honoris Causa pela UFRB, e em 2021 pela Universidade Federal da Bahia (Ufba). Estes títulos são conferidos a personalidades eminentes, nacionais ou estrangeiras, que se destacaram pelo saber e/ou pela atuação em prol das ciências, artes, filosofia, letras, culturas, e pelo desenvolvimento e entendimento dos povos, cuja contribuição tenha sido de alta relevância para o país ou para a humanidade.


No Memorial Valorativo, Dona Cadu é identificada como “Tesouro Humano Vivo” nos termos propostos pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), enquanto uma das mais significativas personalidades difusoras da tradição oral, poética e performática de tradições do Recôncavo. A sua trajetória é definida por um reconhecimento de singularidade por suas atividades de ceramista, de sambadeira e de rezadeira, sendo uma grande referência da cultura do Recôncavo da Bahia de ancestralidade africana e indígena.


A reitora Georgina Gonçalves declara luto oficial de três dias na UFRB.


Ao expressarmos nossas condolências, manifestamos nosso apoio e solidariedade aos amigos, familiares e a toda comunidade acadêmica.”

Bahia Notícias*

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