“Moro condicionou troca de Valeixo à vaga no STF”, acusa Bolsonaro; ex-ministro nega acusação

24/04/2020 06:26 • 3m de leitura

 O presidente Jair Bolsonaro disse nesta sexta-feira que o ex-ministro Sérgio Moro condicionou a troca de comando na Polícia Federal à sua indicação ao Supremo Tribunal Federal. “Ele [Sérgio Moro] disse que eu poderia demitir o Valeixo em novembro, depois de eu indicar ele como ministro do STF”, afirmou.

Pouco depois da declaração, Moro utilizou sua conta no Twitter para rebater a o presidente. “A permanência do Diretor Geral da PF, Maurício Valeixo, nunca foi utilizada como moeda de troca para minha nomeação para o STF”, afirmou.

O ex-ministro da Justiça deixou o governo nesta sexta-feira (24) após o presidente exonerar o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, em publicação no Diário Oficial da União durante a madrugada.

Em coletiva de imprensa, Bolsonaro rebateu as acusações de Moro — que declarou que o presidente insistia em interferir diretamente na atuação da Polícia Federal — e afirmou que nunca pediu que a Polícia Federal o blindasse. “Sempre falei para ele [Moro] que eu tenho que ter um relatório do que aconteceu nas últimas 24 horas para poder bem decidir o futuro dessa nação. Eu nunca pedi para ele informações sobre um processo e nunca pedi que blindasse minha família”, disse.

Rodeado por outros ministros, o presidente também se queixou da condução da Polícia Federal nas investigações do caso do assassinato da vereadora Marielle Franco. “Será que é interferência quase que exigir a Sergio Moro que investigue quem mandou matar Jair Bolsonaro? Eles estavam preocupados muito mais com o caso da Marielle do que com o meu caso”, afirmou — mencionando a tentativa de assassinato que sofreu em 2018, durante a campanha eleitoral.

Ainda segundo Bolsonaro, Maurício Valeixo já demonstrava interesse em deixar o comando da Polícia Federal e, por conta disso, começou a consultar possíveis substitutos.

O presidente alegou também que não precisa de autorização para trocar o diretor da Polícia Federal. “Não preciso de autorização para trocar nem ministro, quanto mais para trocar um diretor”, disse.

“A lei de 2014 diz que essa indicação é do presidente. Eu abri mão disso porque confiava no Moro”, afirmou. Valeixo foi escolhido diretor-geral da Polícia Federal por Moro no início do ano passado.  “Quando conversamos para que ele fosse ministro, eu garanti a ele autonomia, mas autonomia é diferente de soberania”, completou o presidente.

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