Mesmo com pouca chuva, 2021 inicia com boa safra de umbu em Araci

10/02/2021 11:33 • 4m de leitura

Os galhos carregados de umbu saltam aos olhos dos lavradores na zona rural de Araci. O ano de 2021 iniciou com boa safra de umbu. Apesar de não ter ainda um projeto de beneficiamento da fruta no município, algumas pessoas produzem produtos derivados da fruta. Como é o caso da agricultora Cláudia Araújo que mora a cerca de 3km da cidade. Ela e sua família preparam manualmente polpa do tradicional fruto que é símbolo da caatinga.

“Eu já costumo produzir polpa de cajá durante a safra dela que inicia logo após a do umbu e forneço para o comércio na cidade, até para a cidade de Camaçari envio o produto,” conta. “Como aqui na roça tem bastante pé de umbu, aproveitei também para fazer polpas dela para uso próprio e revenda, que são estocadas no congelador e pode ser usado para sucos, mousse, sorvetes, doces ou derivados da fruta,” explicou Cláudia.

“E olha que aqui na minha região não foi um ano muito bom de chuva, e mesmo assim pude colher bastante,” finalizou.

Em contato com o site Voz do Campo, o secretário municipal de Agricultura de Araci, Edcarlos Santos disse que um dos principais foco de sua pasta é dar uma atenção especial aos grupos existentes no município para o beneficiamento das frutas nativas na região. “Vamos fazer um trabalho de acompanhamento, incentivando grupos existentes e criando outros para o aproveitamento melhor dessas frutas nativas, como o próprio umbu, a acerola e cajá por exemplo,” disse. Segundo ele, essa é uma das ferramentas melhor para a geração de renda no campo.

Segundo o IBGE, a Bahia é responsável por cerca de 80% da produção nacional de umbu. De acordo com o último levantamento, o estado produziu 5.808 toneladas da fruta em 2017. Barras de cereal, doces de corte, fermentados de umbu, conservas. Estes são apenas alguns dos produtos desenvolvidos nos últimos anos pelas equipes da unidade de Processamento de Alimentos da Embrapa Semiárido, em Petrolina (PE). Elas acreditam que o umbu tem potencial para ser uma das maiores fontes de renda do semiárido nordestino.

Sobre o Umbu 

Também conhecida como imbú, esta fruta é nativa do nordeste do Brasil e é típica da caatinga, o sertão desta região semi-árida. O nome vem de uma palavra do idioma dos índios Tupi Guarani, ymb-u, que significa “árvore que dá de beber”. Esta árvore, com sua folhagem em forma de guarda-chuva, tem um sistema especial de raízes que formam grandes tubérculos capazes de armazenar até 3.000 litros de água durante a estação das chuvas, de modo que pode resistir a longos períodos de seca. Um importante recurso numa das áreas mais pobres e mais secas do Brasil, onde a agricultura, baseada no milho, no feijão e na mandioca, sofre períodos cíclicos de seca. As frutas da árvore são redondas e de tamanhos variados (de uma cereja ao de um limão), têm casca verde ou amarela, é macia e tem polpa suculenta, aromática e agridoce. Elas são colhidas manualmente e podem ser comidas cruas ou transformadas em conservas. Tradicionalmente elas são cozidas até que a casca se separe da polpa. Depois se escorre a calda, acrescenta-se açúcar de cana e o cozimento continua até que se forme uma gelatina (geléia). Outra forma de preparo é separar a polpa das sementes e acrescentar açúcar, depois cozinhar-se por um longo tempo, até que se torne um doce creme denso ligeiramente amargo. O umbu também pode ser usado para fazer suco de fruta, vinagre (obtido cozinhando-se as frutas quando estão um pouco passadas), marmelada (obtida a partir de tiras de polpa secas ao sol) e, com a adição de açúcar, uma compota (umbu em calda). A polpa da fruta fresca ou o vinagre, são usados com leite e açúcar para fazer a tradicional umbuzada, que às vezes é comida ao invés da refeição da noite. *Informações do Slow Food Brasil.

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