Uma criança de 11 anos ligou para o 190 para pedir ajuda à Polícia Militar porque a família estava passando fome. O apelo foi feito na noite de terça-feira (2) em Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. “Minha mãe estava chorando no canto, eu pedi o telefone e liguei”, disse o garoto Miguel. Policiais do 35º Batalhão da PM foram até a casa de Célia e constataram que não se tratava de um caso de maus-tratos. “A guarnição ficou bastante comovida ouvindo os relatos das crianças, que há três dias eles estavam se alimentando apenas com água e fubá”, afirmou o tenente Nilmar Moreira. Horas depois a despensa ficou cheia. A família do garoto recebeu doações de cestas básicas. Ajuda que começou com a solidariedade dos militares e, na quarta-feira (3), ganhou as ruas da comunidade onde mora, no bairro São Cosme. O último almoço da família já contava com arroz, feijão e linguiça. Bem diferente da mistura de fubá de poucos dias atrás. As crianças também ganharam brinquedos. E o telefone da Célia Barros, mãe do Miguel, não parou de tocar.
Douglas Mendes é engenheiro civil e chegou à casa da família para levar mais doações. “Eu acho que, se cada um puder fazer um pouco, já se torna muito na vida de alguém. É muito triste a realidade de hoje, das pessoas carentes. Quando você vê uma criança, principalmente, pedindo ajuda, é porque a situação é extrema”, afirmou. Célia contou que está desempregada há cinco anos. A renda da família – formada por ela e mais seis filhos – é o Auxílio Brasil. A dona de casa chegou a trabalhar como segurança e bombeiro civil. Mas a pandemia diminuiu as chances de emprego. “Eu não quero mais deixá-los passar fome. Eu queria trabalhar, porque uma oportunidade de emprego para mim ajuda a manter a minha casa, mantê-los. Eu agradeço a cada um que está me ajudando. Que Deus tome conta de cada um, de cada família, para não passar a mesma situação que eu passei”, disse Célia.