Laboratório chinês acredita que pode deter pandemia “sem vacina”

19/05/2020 03:26 • 2m de leitura

Pesquisadores chineses dizem ter desenvolvido um tratamento capaz de interromper a pandemia da covid-19, enquanto uma centena de laboratórios em todo mundo compete para produzir uma vacina contra o novo coronavírus. Um medicamento em fase de testes na prestigiada Universidade de Pequim (“Beida”) permitiria não apenas acelerar a cura dos doentes, mas também imunizar temporariamente contra a covid-19.Em uma entrevista à AFP, o diretor do Centro de Inovação Avançada em Genômica de Beida, Sunney Xie, explicou que o tratamento funciona em camundongos: o laboratório extraiu anticorpos de 60 pacientes curados da doença e os injetou em roedores. “Após cinco dias, sua carga viral foi dividida por 2.500. Isso significa que esse medicamento em potencial tem um efeito terapêutico”, assegurou. Um estudo sobre esta pesquisa, publicado no domingo 17 na revista especializada “Cell”, considerou que é um “remédio” potencial contra a doença e apontou que permite acelerar a cura. “Somos especialistas em sequenciamento de células únicas, não imunologistas, ou virologistas. Quando constatamos que nossa abordagem nos permitiu encontrar um anticorpo que neutraliza (o vírus), ficamos muito felizes”, comentou o professor Xie. Segundo ele, o tratamento pode estar disponível antes do final do ano, a tempo de uma nova ofensiva de inverno contra a covid-19. A doença já contaminou 4,5 milhões de pessoas em todo mundo e deixou 316.000 mortos. “A preparação dos ensaios clínicos está em andamento”, acrescentou o pesquisador, especificando que serão realizados na Austrália e em outros países. Com o declínio da pandemia na China, o gigante asiático não possui portadores suficientes do vírus para realizar testes em humanos. “O que esperamos é que esses anticorpos se tornem um medicamento especial para interromper a pandemia”, declarou o professor. Segundo o professor Xie, o tratamento desenvolvido em Pequim pode oferecer imunidade momentânea ao vírus. O estudo revela que, se os anticorpos forem injetados em um camundongo antes da administração do vírus, ele fica protegido da infecção. Isso permitiria que o pessoal da saúde fosse protegido por algumas semanas, talvez alguns meses, espera o especialista chinês. “Poderíamos conter a pandemia com um tratamento que funciona, mesmo sem uma vacina”, confidenciou.

Leia também