
O deputado estadual Leandro de Jesus (PL) protocolou, nesta terça-feira (6), na Procuradoria Geral da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), um pedido de impeachment contra o governador Jerônimo Rodrigues (PT). O pedido foi motivado por declarações dada pelo petista na última sexta-feira (2), em que ele sugeriu que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus eleitores fossem levados “para a vala”. A acusação contra Rodrigues é de crime de responsabilidade por incitar violência política. No pedido, o deputado considera as palavras do governador foram uma afronta à dignidade da pessoa humana e ao pluralismo político, princípios fundamentais da constituição estadual. “A declaração do governador, ao incitar a eliminação de cidadãos com base em suas escolhas políticas, afronta diretamente a dignidade da pessoa humana e o pluralismo político“, destaca o requerimento. A crítica também aponta que a retórica utilizada por Jerônimo Rodrigues “desumaniza milhões de cidadãos” e ameaça a convivência democrática. “A retórica empregada, que desumaniza milhões de cidadãos e ameaça a convivência democrática, é incompatível com a dignidade, a honra e o decoro exigidos do chefe do Executivo estadual“, afirma o texto.
A presidente da Assembleia Legislativa, deputada Ivana Bastos (PSD), comentou sobre o episódio, reconhecendo que o governador se excedeu em sua fala, mas alegando que a declaração foi mal interpretada. “Ele se desculpou. Ele se excedeu. Foi uma fala que foi mal interpretada. Todo mundo sabe que o governador Jerônimo é católico. Ele é um homem religioso. Jamais seria essa a sua intenção“, declarou Ivana Bastos. A deputada, no entanto, informou que ainda não teve acesso ao requerimento protocolado na Assembleia. O comentário polêmico foi feito por Jerônimo Rodrigues durante a inauguração da Escola Estadual Nancy da Rocha Cardoso, localizada em América Dourada. “Tivemos um presidente que sorria daqueles que estavam na pandemia sentindo falta de ar. Ele vai pagar essa conta dele e quem votou nele podia pagar também a conta. Fazia no pacote. Bota uma ‘enchedeira’. Sabe o que é uma ‘enchedeira’? Uma retroescavadeira. Bota e leva tudo para vala“, disse Jerônimo na ocasião.
A declaração de Jerônimo Rodrigues gerou forte repercussão nas redes sociais, incluindo uma reação do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em um post no X (antigo Twitter), Bolsonaro qualificou as palavras do governador como “discurso de ódio” e cobrou ações institucionais. “Um discurso carregado de ódio, que em qualquer cenário civilizado deveria gerar repúdio imediato e ações institucionais firmes. Mas nada aconteceu“, escreveu Bolsonaro. Além disso, o deputado federal Sanderson (PL-RS) solicitou à Procuradoria Geral da República (PGR) a investigação de Jerônimo Rodrigues por incitação ao crime. Para Sanderson, as declarações ultrapassaram o limite do debate político aceitável e adotaram um tom agressivo e ameaçador. O deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ) também acionou a PGR, afirmando que as palavras do governador configuram incitação à violência contra um grupo ideológico específico, ultrapassando os limites da liberdade de expressão.
Na segunda-feira (05), após o ocorrido, o governador Jerônimo Rodrigues fez uma retratação pública. Durante uma visita às obras de reforma do Teatro Castro Alves, em Salvador, ele afirmou ser contra qualquer forma de violência e argumentou que suas palavras foram tiradas de contexto. “Foi descontextualizada (a declaração). Eu apresentei minha inconformação de como o País estava sendo tratado e dei o exemplo da pandemia. Se o termo vala foi pejorativo ou forte, eu peço desculpas“, disse o governador.
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