Ilha de Madagascar enfrenta primeira fome ligada ao aquecimento global, diz ONU

03/11/2021 09:53 • 2m de leitura

O aquecimento global provocado pelo homem é a causa da fome que afeta Madagascar, a “primeira do tipo no mundo, mas não a última”, alertou Aduino Mangoni, vice-diretor do Programa Mundial de Alimentos (PMA), fundado pela ONU (Organização das Nações Unidas), nesta terça-feira (2). Mangoni destacou por videoconferência, durante uma reunião das Nações Unidas em Genebra, que 30 mil pessoas sofrem com a fome na metade sul da ilha — afetada por uma seca sem precedentes em 40 anos — e mais de 1,3 milhão sofrem da desnutrição aguda. Segundo ele, é a primeira fome causada pelo aquecimento global devido às atividades humanas. É também “a única fome relacionada à mudança climática na Terra”, insistiu, destacando que as que afetam o Iêmen, o Sudão do Sul e a região etíope de Tigré hoje são causadas por conflitos. “A situação é muito preocupante”, disse, descrevendo as crianças “que só têm pele nos ossos” que encontrou num centro de nutrição durante uma recente viagem à região mais afetada. A próxima colheita só será em seis meses e a situação se agravará até lá, alertou, lembrando que 500 mil crianças já sofrem de desnutrição, 110 mil delas de forma grave ou aguda e estão a um passo da morte. O PMA precisa de US$ 69 milhões para lançar a assistência necessária nos próximos seis meses. No extremo sul da ilha, 91% da população vive na pobreza e a seca destruiu a capacidade de produção agrícola e pesqueira de que as famílias dependem para sobreviver, destacou recentemente um relatório elaborado pela Anistia Internacional.

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