Horário de Verão: Entidades baianas divergem sobre retorno da modalidade

14/11/2022 08:56 • 5m de leitura

Nos últimos dias, a discussão em torno da possibilidade de retorno do horário de Verão ganhou as redes sociais, inclusive com o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) postando uma enquete no Twitter para sondar a opinião dos internautas acerca de um possível retorno. Criado com o objetivo de minimizar a sobrecarga de consumo de energia durante alguns picos diários, o horário de verão acabou suspenso em 2019, pelo atual presidente Jair Bolsonaro (PL), sob justificativa de que a medida não reduz o consumo de energia elétrica em horários de pico. No entanto, desde a suspensão, o tema sempre foi alvo de debates, e na enquete feita por Lula, na última segunda-feira (7), foi indicado que 66,2% são favoráveis à volta do horário de verão, enquanto 33,8% são contra. Ao todo, 2,3 milhões de pessoas participaram da votação. No post de Lula, diversos usuários questionaram que a decisão sobre a volta ou não do horário de verão teria de ser embasada não em preferências, mas em estudos e avaliações técnicas, que apontariam se a medida seria ou não vantajosa para o sistema elétrico. Já na última sexta-feira (4), foi o ator Bruno Gagliasso que pediu a volta do horário de verão ao vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB). “Horário de verão é o Brasil feliz de novo!”, escreveu no Twitter. Alckmin respondeu o ator com um emoji ao estilo “anotado”. Logo em seguida, o apresentador da TV Globo Rodrigo Bocardi reclamou: “Ah para! nada disso, nós madrugadores também queremos acordar com a luz do dia!”.

Economia gerada

O principal argumento utilizado para a suspensão do horário de verão, é de que a modalidade não reduz significativa o consumo de energia elétrica nos horários de pico. Segundo dados do Ministério de Minas e Energia nos últimos anos, o Brasil economizou pelo menos R$ 1,4 bilhão desde 2010 por adotar o horário de verão, em razão de uma redução média de 0,5% no consumo de energia, chegando a 4,5% no horário de pico. Segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), números já divulgados, entre 2010 e 2014, mostram que o aproveitamento da luz do sol resultou em economia de R$ 835 milhões para os consumidores, principalmente devido à redução da necessidade do uso de termelétricas (de operação mais cara). Os números também mostram, no entanto, que a economia no consumo de energia caiu nos últimos anos e que a medida passou a ter pouca relevância tanto para a segurança do setor de energia como na composição do preço da conta de luz. A economia gerada caiu de R$ 405 milhões em 2013 para R$ 147,5 milhões, em 2016. Já a energia poupada caiu de 2.565 MW em 2013, para 2.185 MW em 2016.

Posicionamento das entidades

Foi diante deste cenário apresentado, que o site Muita Informação, buscou entidades dos mais diversos setores, para saber a opinião acerca do retorno ou não da modalidade.

Leandro Menezes, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes na Bahia (Abrasel-BA): “A Abrasel entende que a medida é benéfica ao segmento de alimentação fora do lar. Com a mudança do horário, as atividades turísticas passam a contar com mais 1h de sol, aumentando também o consumo pelos turistas. O público local também passar consumir mais fora de casa: num Happy Hour após o trabalho, após o exercício, ou pegar os filhos na escola. Sempre aproveitando essa ‘esticada de 1h mais’ em seu dia”.

Paulo Motta, presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio do Estado da Bahia (Sindilojas-BA): “Nós temos vivido uma experiência, quanto a estabilidade das atividades econômicas desde quando o horário de verão foi suspenso. Uma mudança quanto a essa realidade, em que toda as atividades produtivas se adaptaram, e deram sequência a sua produção, concluímos que não houve maiores danos em decorrência da suspensão. Com isso, o Sindilojas Bahia, como não há uma economia que se justifique, em termo de energia, e sim, transtorno no campo da saúde, da maneira de convivência das pessoas. Por isso, temos uma posição muito clara, de que o horário de verão perdeu seu sentido, quando ficou claro que não há economia em termos de consumo de energia. A nossa posição é de que deveríamos evitar o retorno do horário de verão”.

Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio-BA): Por meio de sua assessoria de imprensa, a Fecomércio informou que “ainda não possui posicionamento sobre o tema”. A entidade informou ainda, que “pediu à sua consultoria econômica, um estudo sobre os impactos positivos e negativos sobre o comércio de bens, serviços e turismos”.

Sindicato dos Professores no Estado da Bahia (Sinpro-BA): Em contato com o Coordenador-geral da instituição, Allysson Mustafa, o Portal M! foi informado que a entidade não discutiu essa questão internamente. “Não temos uma percepção sobre o que a categoria pensa a respeito”, disse.

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