O Ministério da Economia revisou para baixo a expectativa de inflação neste ano, diminuindo de 7,9% para 7,2%, e elevou a estimativa do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 2022, de 1,5% a 2%. Para 2023, a estimativa de inflação subiu de 3,60% para 4,5%, enquanto a projeção do PIB foi mantida em alta de 2,5%. As projeções divulgadas nesta quinta-feira (14) estão no Boletim Macrofiscal, atualizado bimestralmente pela SPE (Secretaria de Política Econômica). Os dados anteriores haviam sido anunciados pela pasta em maio e, como servem de referência para ajustar a execução orçamentária, são revisados periodicamente. A taxa prevista de 7,2% para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) supera a meta a ser perseguida pelo BC. O valor fixado pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) para este 2022 é de 3,5% —com 1,5 ponto percentual de tolerância para mais ou para menos. O BC até mesmo já admite o estouro da meta de inflação pelo segundo ano consecutivo. Quando a projeção se confirmar, o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, deverá escrever uma nova carta ao ministro da Economia explicando as razões para o descumprimento do objetivo. A inflação fechou 2021 em 10,06%. A estimativa do Ministério da Economia para o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) caiu de 8,1% para 7,41%. Esse índice é usado na correção do piso nacional do salário mínimo e de outros benefícios sociais. Já a projeção da pasta para o IGP-DI (Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna) saltou de 11,40% para 11,51%. Esse índice tem uma abrangência maior para medir a alta dos preços, pois engloba também o setor atacadista e a construção civil. A nova projeção do PIB, adiantada pela Folha de S.Paulo, reflete uma melhora na perspectiva para a atividade econômica em 2022 diante de números positivos observados na produção industrial, na retomada do setor de serviços e na recuperação do mercado de trabalho. Com o crescimento da atividade nos últimos meses, o mercado também mostra otimismo com o desempenho do PIB para este ano e, assim como o governo, vem revisando para cima suas estimativas. No último Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central na segunda-feira (11), a projeção mediana para a expansão do PIB subiu de 1,51% para 1,59%. Algumas instituições do mercado financeiro já estimam crescimento de 2%. Em meio à corrida presidencial, o governo Jair Bolsonaro (PL) tem aprovado medidas que sustentam a atividade econômica. Nesta quarta (13), a Câmara dos Deputados aprovou aprovou a PEC (proposta de emenda à Constituição) que turbina benefícios sociais, elevando o piso do Auxílio Brasil a R$ 600, criando um auxílio a caminhoneiros de R$ 1.000 mensais e duplicando o valor do Auxílio Gás para cerca de R$ 120. No fim de junho, o Congresso aprovou um corte de tributos federais sobre gasolina e etanol, além de ter fixado um teto de 17% a 18% para a cobrança de ICMS sobre combustíveis, energia elétrica, transportes e telecomunicações. No início do ano, o governo já havia liberado um saque extraordinário de R$ 1.000 a trabalhadores com recursos no FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço). Essas medidas amenizam os efeitos do aperto monetário promovido pelo BC, que levou a taxa básica de juros (Selic) a 13,25% ao ano na última reunião, em maio, e dificultam a tarefa da autarquia de controlar a inflação.