Além disso, na visão do médico, o governo estaria “atropelando” etapas fundamentais da pesquisa. “Notícias oportunistas têm um enorme impacto em um momento de medo coletivo”, declarou Brito, que é membro da Sociedade Brasileira de Infectologia. O ministro Marcos Pontes, titular da pasta da Ciência e Tecnologia, não deu o nome da droga porque ainda não há um laudo conclusivo. Ele afirmou que o medicamento desenvolvido por cientistas brasileiros tem formulação pediátrica e preço acessível nas farmácias. “Para garantir a continuidade dos testes clínicos, e por questões de segurança, o nome do medicamento selecionado será mantido em sigilo até que os resultados dos testes clínicos demonstrem a sua eficácia em pacientes”, informou o ministério. “O que se pode adiantar é que o fármaco tem baixo custo, ampla distribuição no território nacional e sua administração não está relacionada a efeitos colaterais graves e que pode ser usado por pessoas de diversos perfis inclusive em formulações pediátricas”, completou. O Ministério da Ciência e Tecnologia informou hoje que o Brasil testará nas próximas semanas um “remédio promissor” que, segundo análises in vitro, demonstrou ter 94% de eficácia em ensaios com células infectadas pelo novo coronavírus. Ao menos 500 pacientes com a covid-19, desde que não estejam em estado grave, participarão dos estudos clínicos, de acordo com o governo. Especialista ouvido pelo UOL, o infectologista José David Urbaéz Brito classificou o anúncio do ministério como um “desserviço” que, de modo irresponsável, “faz aumentar a expectativa de uma população vulnerável submetida ao medo”. Segundo ele, a eficácia de moléculas testadas in vitro é algo corriqueiro e quase sempre não se confirma nos exames clínicos (com humanos).