Governo trava aumento de mistura de biodiesel no diesel para conter preço dos alimentos

19/02/2025 07:19 • 3m de leitura

O CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) decidiu suspender o aumento da mistura do biodiesel ao diesel para 15%, quantidade que estava programada para entrar em vigor em março deste ano. Com isso, continua a valer em todo o território nacional a mistura de 14%, percentual vigente desde março de 2024. Com a medida, o governo espera que a destinação da soja seja mais direcionada à alimentação, ajudando a puxar para baixo a inflação dos alimentos. A principal matéria-prima do biodiesel no Brasil é a soja, que também é essencial na produção de alimentos, como óleo de soja e farelo para ração animal. Reduzindo a demanda da soja para biodiesel, o governo espera aumentar a oferta no mercado alimentício. “O preço dos alimentos é a grande prioridade do nosso governo. Considerando a necessidade de buscarmos todos os mecanismos para que o preço seja mais barato na gôndola do supermercado, mantemos a mistura em B14 até que tenhamos resultados no preço dos alimentos da população, já que boa parte da produção do biodiesel vem da soja”, disse o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. O aumento da produção de biodiesel e de etanol de milho não teria impacto no preço dos alimentos, segundo analistas de mercado e associações do setor. A hipótese foi levantada No início deste mês pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista a jornalistas. Paralelamente, o CNPE aprovou a criação de uma operação conjunta entre órgãos do governo federal para combater fraudes na mistura obrigatória do biodiesel ao diesel. A operação quer aperfeiçoar os instrumentos regulatórios e de fiscalização para assegurar a concorrência justa quanto à oferta de preços. Segundo Silveira, a concorrência desleal causada pelas fraudes na mistura obrigatória tem desestimulado investimentos na produção do biocombustível e comprometido a sustentabilidade da cadeia de suprimento, o que prejudica o abastecimento, restringe a oferta e pressiona o preço do diesel comercial. “Nós sabemos que há um grande trabalho hoje para combater o crime organizado, para combater qualquer tipo de fraude nesse setor tão sensível, que é o setor de suprimento de combustível no Brasil”, disse o ministro. “Então, nós determinamos que fosse criado um grupo de trabalho para poder achar soluções para uma ampliação da fiscalização na mistura do biodiesel.” Segundo Silveira, o grupo de trabalho também vai buscar formas de ampliar o uso de outras matérias-primas para fabricação de biodiesel, além da soja, buscando outros tipos de oleaginosa. O aumento da mistura de biodiesel pode impactar no preço final do diesel, já que o biodiesel costuma ser mais caro do que o diesel fóssil. Essa relação pode afetar o transporte de cargas, que mexe com a inflação geral. No início do mês, a Petrobras elevou em mais de 6% o preço médio do diesel para distribuidoras neste sábado (1º), para R$ 3,72 por litro, no primeiro ajuste do valor do combustível em mais de um ano. O governo minimizou o reajuste feito pela Petrobras. Há monitoramento constante de insatisfação de categorias, como caminhoneiros, mas não houve qualquer tipo de alerta até o momento, segundo integrantes do Palácio do Planalto.

Bahia Notícias*

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