A gari Kelly Cristina da Silva está comemorando a formatura em Direito, o curso que ela sempre sonhou. Mas para chegar até aqui, ela teve que superar muitos obstáculos. Sem dinheiro para pagar passagem, Kelly andava 10 km todos os dias para ir à faculdade em Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá, no Mato Grosso. Segundo a recém-formada, ela recebe mensalmente um salário-mínimo. O marido está desempregado e eles têm um filho de 9 meses. “Algo que sempre coloquei em mim. O não a gente sempre tem, mas vamos procurar o sim. O conhecimento abre sua mente, muda sua vida e abre portas”, disse.
Rotina pesada
Para ajudar no sustento da família, a Kelly trabalhava durante o dia como gari. No período da noite ela ia para a faculdade e quando chegava em casa, ainda ia ainda ia estudar e fazer os trabalhos que os professores pediam. Ela conta que antes de passar em um concurso do município para o cargo de gari, trabalhava como vigia de uma escola de manhã e, durante a tarde, ia para as ruas vender “cremosinho”.
“Quando eu comecei a faculdade, paga com financiamento estudantil, eu queria um trabalho que me desse estabilidade. Quando vi que ia ter concurso para gari, eu fiz a inscrição e, apesar de todo mundo falar que eu não passaria, consegui a classificação”, conta. Kelly ainda superava a dor no ombro, causada por um acidente de carro, que a deixou com sequelas. Foi quando ela pediu para trabalhar como recepcionista na empresa, o que facilitou um pouco a rotina. “Isso me ajudou muito, porque aí não ficava tão cansada e com tanta dor e conseguia me dedicar mais aos estudos”.
OAB
Com o diploma em mãos, Kelly está se preparando para o exame da OAB e disse que está muito confiante de que vai comemorar também essa aprovação.
“Eu fiz a inscrição e tenho fé que vou conseguir. Depois disso, claro que não tenho condições ainda de abrir um escritório, mas vou procurar clientes e, assim que tiver dinheiro, vou construir meu escritório”, prometeu.