O empresário João Amoêdo, fundador do partido Novo e ex-candidato à presidência da República, declarou voto, neste sábado (15), no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o segundo turno da eleição presidencial de 2022. Ele havia sinalizado um voto nulo anteriormente, mas recuou do posicionamento e decidiu apoiar o petista. “Os fatos, a história recente e o resultado do 1º turno, que fortaleceram a base de apoio de Bolsonaro, me levam à conclusão de que o atual presidente apresenta um risco substancialmente maior”, afirmou Amôedo ao jornal Folha de S. Paulo. Assim como diversos outros quadros políticos brasileiros, Amoêdo vê no atual presidente Jair Bolsonaro (PL) uma ameaça constante à democracia no país. Entre os riscos que o fazem desistir do voto nulo, ele citou a recente declaração de Bolsonaro sobre alterar a composição do Supremo Tribunal Federal (STF). “A ideia de aumentar o número de ministros do STF para 16, com os dois que deixarão a corte nos próximos anos, permitiria que Bolsonaro, se reeleito, nomeasse sete ministros, que somados aos dois já indicados por ele lhe daria a maioria na corte. Esse tipo de manobra já foi realizada por líderes autocráticos como Hugo Chávez, na Venezuela, e Viktor Orbán, na Hungria”, analisou Amoêdo. O ex-candidato à presidência pelo partido Novo, considerado de direita, ainda avaliou Bolsonaro como gestor, relembrando de comentários desdenhosos do atual presidente da República em relação às vítimas da pandemia de Covid-19. “Bolsonaro confirmou ser não apenas um péssimo gestor, como já prevíamos, mas também uma pessoa sem compaixão com o próximo. Ele é incapaz de dialogar, de assumir suas responsabilidades e não tem compromisso com a verdade. É um governante autocrático que se coloca acima das instituições”, disse Amoêdo. Apesar da declaração de apoio a Lula no segundo turno, Amoêdo manteve todas as críticas que já fez ao petista e deixou claro que será oposição em um possível governo petista nos próximos quatro anos. “No dia 30, farei algo que nunca imaginei. Contra a reeleição de Jair Bolsonaro, pela primeira vez na vida, digitarei o 13. Apertar o botão ‘confirma’ será uma tarefa dificílima. Mas vou me lembrar do presidente que debochava das vítimas na pandemia, enquanto milhares de famílias choravam a perda de seus entes queridos”, concluiu Amoêdo.