Funcionário da Azul paga passagens de família surda que caiu em golpe

24/02/2021 03:25 • 3m de leitura

Um funcionário da companhia aérea Azul foi elogiado até pelo presidente da empresa depois de ajudar uma família de surdos que caiu num golpe e não tinha para onde ir. O pai, a mãe e três filhos são do Mato Grosso do Sul. Eles estavam no Aeroporto de Campo Grande, de onde embarcariam para visitar um familiar em estado terminal no Recife. Mas quando viu os bilhetes, o atendente Raphael Cavaleiro, constatou que eles eram falsos. Conversando com a filha ouvinte, de 9 anos, ele descobriu o golpe que a família caiu e que não tinha dinheiro para comprar novos bilhetes. A menina contou que o pai estava desempregado e eles haviam vendido tudo o que tinham para ir morar com o avô.

O golpe

Raphael descobriu que a compra das passagens falsas foi feita pelo Facebook. Em conversa de WhattsApp, o golpista enviou um boleto no valor de R$ 1.400 destinado a Agência de Turismo Ltda. Após o pagamento, o telefone do casal foi bloqueado pelos golpistas e eles não conseguiram mais nenhum contato. Foi a menina ouvinte quem explicou aos pais, em Libras, que eles tinham caído num golpe. Naquele instante, Raphael viu uma lágrima escorrer, enquanto ela tentava manter a calma. Pai de duas meninas, de 11 e 12 anos, o atendente da Azul pediu licença e foi até a área restrita aos funcionários para chorar. “Me perguntei por que as pessoas fazem isso? Como tem pessoas más. […] A menina era igual minha filha mais nova, o mesmo trejeito. Quando ela falou que eles nem cama tinham mais, eu pensei: cara, eles não vão conseguir nem voltar pra trás”, relembra.

A atitude

Emocionado, Raphael conversou com o coordenador e disse que queria ajudar o casal. Ele usou o próprio cartão de crédito e pagou a maior parte das passagens. O casal deu o dinheiro que tinha para chegar aos R$ 2 mil dos bilhetes. “Falei pra menina: o tio vai te ajudar e pagar o restante, mas vocês não vão deixar de viajar”, disse o atendente, que manteve toda a discrição para que a família não se sentisse constrangida. No calor do momento, eles agradeceram, se despediram e embarcaram, mas nenhum contato foi trocado para que pudessem conversar depois. O caso aconteceu no começo do mês, mas só foi divulgado no último fim de semana. Colegas de trabalho de Raphael contaram o que ele fez para a chefia e o caso chegou ao conhecimento do presidente da Azul, John Rodgerson. “Quando tomei conhecimento do caso, fiz questão de ligar pro Raphael e agradecê-lo. Alguns tripulantes, assim como eu, ficaram comovidos com a história e nós da Azul fizemos questão de reembolsar integralmente o valor gasto por ele. Fica aqui o nosso muito obrigado e parabenizações à sua atitude!”, escreveu John. O reconhecimento ao trabalho também veio com uma postagem que o executivo fez nas redes na última sexta, 19, elogiando a postura do Raphael Cavaleiro. “O mais surpreendente foi a atitude de um dos nossos tripulantes da base, o Raphael Leiva Cavaleiro, que nos mostra que ao contrário da covardia dos bandidos, há pessoas que pensam no próximo e fazem o bem!”, afirmou o presidente da Azul. Modesto, Raphael disse apenas: “Nós somos incentivados a ter essa sensibilidade e é por isso que nos diferenciamos das demais companhias”, concluiu.

Leia também