A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) submeteu ao Ministério da Saúde um pedido para firmar um acordo de transferência de tecnologia da vacina contra a dengue Qdenga, desenvolvida pela farmacêutica japonesa Takeda. O objetivo é permitir que o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), vinculado à Fiocruz, possa produzir o imunizante no Brasil, ampliando a oferta de vacinas para o Sistema Único de Saúde (SUS). A iniciativa visa fortalecer a campanha nacional de vacinação contra a dengue. As informações são da Agência Brasil. Em nota oficial, a Fiocruz confirmou que o pedido já foi formalizado e encaminhado ao Ministério da Saúde, que agora deve avaliar a proposta. “Mais informações poderão ser detalhadas após a avaliação da proposta encaminhada”, disse a fundação. A ministra da Saúde, Nísia Trindade, já havia sinalizado em março (2024) que as negociações entre a Fiocruz e a Takeda estavam em andamento. O acordo proposto segue o modelo de Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP), que foi criado em 2014 com o objetivo de reduzir a dependência do Brasil em produtos estratégicos e ampliar o acesso da população a medicamentos no SUS. Essa mesma estratégia foi utilizada durante a pandemia de Covid-19, quando a Fiocruz fez um acordo com a farmacêutica AstraZeneca para a produção nacional da vacina contra o coronavírus. A transferência de tecnologia envolve quatro etapas, incluindo a avaliação do pedido pelo Ministério da Saúde e a absorção da tecnologia por Bio-Manguinhos. No entanto, o presidente da Takeda, José Manuel Caamaño, alertou que esse processo pode ser demorado. “Não se faz em um, dois anos, é um processo de mais longo prazo”, afirmou o executivo. A vacina Qdenga, aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em março de 2023, é a primeira a ser utilizada em larga escala contra a dengue no Brasil. Estudos clínicos demonstraram que o imunizante possui uma eficácia de 80,2% para evitar infecções e de 90,4% para prevenir casos graves da doença. O imunizante foi incorporado ao SUS em 2023, e uma campanha nacional de vacinação começou em março de 2024. Devido à alta demanda e à limitação de doses, a campanha de vacinação deste ano foi direcionada a crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos, a faixa etária com maior número de hospitalizações pela doença após os idosos. Além disso, a distribuição foi restrita a municípios com população superior a 100 mil habitantes e alta incidência de dengue. Para 2024, o governo brasileiro firmou contrato para a aquisição de mais 9 milhões de doses da Qdenga. Paralelamente, o Instituto Butantan está em fase final de testes para o desenvolvimento de uma vacina brasileira contra a dengue, de dose única, que apresentou 67,3% de eficácia contra infecções e 89% contra casos graves. O pedido de aprovação deve ser enviado à Anvisa ainda este ano.
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