Pelo menos cem pessoas morreram numa explosão em uma refinaria de petróleo clandestina no sul da Nigéria, uma área devastada por décadas de vandalismo e exploração ilegal de hidrocarbonetos. A explosão ocorreu na noite de sexta-feira no local clandestino entre os estados petrolíferos de Rivers e Imo, no sul, informou a polícia. “O incêndio ocorreu em uma instalação ilegal e afetou mais de cem pessoas”, disse o comissário estatal para recursos petrolíferos, Goodluck Opiah. Testemunhas relatam que local da explosão está repleto de veículos e tambores carbonizados, usados para transportar o petróleo roubado. Uma investigação foi aberta para determinar o que causou a explosão de sexta-feira, disse à AFP o chefe da Agência Nacional de Detecção e Resposta à Transferência de Petróleo (Nosdra), Idris Musa. “As investigações estão em andamento e o incêndio que começou após a explosão foi parcialmente controlado”, disse ele. Essa é a última de uma longa série de incidentes neste país, o maior produtor de petróleo da África, onde esse tipo de acidente é frequente. Na região petrolífera do Delta do Níger, criminosos de algumas comunidades locais vandalizam rotineiramente oleodutos para transferir e roubar petróleo, que é refinado em locais clandestinos, para finalmente serem vendidos no mercado paralelo. A maioria dos habitantes vive em extrema pobreza, apesar dos milhões de dólares gerados na região, com uma produção de cerca de dois milhões de barris por dia. A Nigéria obtém 90% da receita nacional com as exportações de petróleo. Segundo fontes do setor formal, o país perde cerca de 200 mil barris de petróleo por dia devido ao vandalismo, roubo e transferência ilegal de petróleo. Mas os habitantes da região acusam as grandes petroleiras de terem contribuído para a contaminação da área, sem participar de seu desenvolvimento. Décadas de incidentes devastaram manguezais e vilarejos inteiros, onde a pesca e a agricultura garantiam a sobrevivência como fonte de renda local. A pior explosão de um oleoduto na Nigéria ocorreu em outubro de 1998 na cidade de Jesse, no sul do país, causando mais de mil mortes entre seus habitantes.