Ex-paciente volta como médica ao hospital onde se curou da leucemia para salvar pessoas com a doença

06/09/2022 09:00 • 3m de leitura

“Eu queria ser uma médica que já tivesse sentido na pele o que essas pessoas estão passando”. Essas palavras são da Marina Aguiar, que venceu uma leucemia milagrosamente, se tornou médica e se especializou em transplante de medula óssea para salvar pessoas com a doença: no mesmo hospital onde ela foi curada, em Goiânia (GO). Marina começou a sentir os primeiros sintomas da doença logo após ser aprovada no vestibular de odontologia, em 2006. Primeiro, vieram as dores nas pernas. Depois, anemia, palidez e cansaço. Foram quatro meses investigando a causa para se chegar ao diagnóstico definitivo. Existem vários tipos de leucemia, mas as mais comuns são as leucemias linfoides e leucemias mieloides. O tipo da Marina era a Leucemia Linfocítica Aguda (LLA). É uma leucemia bastante comum em crianças. Marina tinha 18 anos quando foi diagnosticada. “Por causa disso, a gente fala que é a leucemia com o pior diagnóstico. Passa da faixa etária em que ela tem uma porcentagem maior de cura”, explica. 

Marina foi diagnosticada com Leucemia Linfocítica Aguda (LLA). Foto: Arquivo pessoal

Marina fez quimioterapia, mas não teve uma boa resposta. O transplante de medula óssea foi considerado sua última esperança. Marina fez campanha para encontrar um doador 100% compatível, sem sucesso. Foi quando os pais dela decidiram engravidar, na esperança de que pelo menos um dos seus irmãos fosse compatível. Infelizmente, nenhum dos gêmeos era. “Foi difícil porque a sensação era de que eu tinha voltado à estaca zero de novo!”, lembra. Marina voltou para a quimioterapia e, nessa época, sentiu uma vontade grande de estudar medicina. Por milagre, como ela mesma diz, foi aprovada no vestibular. Afinal, fazia tempo que não estudava as matérias cobradas no exame. Ela entrou no curso já decidida a se especializar em hematologia, área da medicina que estuda doenças relacionadas ao sangue, como a leucemia. 

Médica “renasceu” para salvar pessoas com a doença. Foto: Arquivo pessoal

Renascimento

Depois de um tempo, Marina fez um novo mielograma, exame de avaliação da medula óssea. Milagrosamente, não foi detectada a presença de células cancerosas. Sua última quimioterapia foi no dia 1º de abril de 2007: data do seu “renascimento”. “Eu pensei: ‘Essa vai ser a data do meu renascimento. Apesar da medicina ainda não me considerar curada, eu vou comemorar a minha cura a cada ano que for passando’. Passou um, dois, três, quatro, cinco, seis anos sem leucemia. Até que chegou o dia da minha formatura de medicina”, recorda. Após a formatura, Marina começou a sua residência em hematologia, no hospital onde foi curada e também onde trabalha atualmente. “Prometi que eu não voltaria mais como paciente, mas como médica. Fiz a residência exatamente no ano em que completei dez anos do meu renascimento. Todos no hospital me conheciam”, diz. Depois da residência, Marina passou um ano estudando transplante de medula óssea no Instituto Nacional de Câncer (INCA), no Rio de Janeiro. No vídeo abaixo, a médica também fala sobre os diferentes tipos de leucemia, conscientiza sobre a importância de uma rede de apoio para o paciente oncológico e faz um convite para você se tornar doador de medula óssea.

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