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A Bahia contabilizou 1.826 casos de Covid-19 e 12 mortes até a última segunda-feira (17), de acordo com a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab). Em Salvador, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) registrou 482 infecções e seis óbitos entre 1º de janeiro e 15 de fevereiro. Embora os números sejam menores em relação ao mesmo período do ano passado, as autoridades acompanham a situação com atenção, especialmente diante da proximidade do Carnaval, que costuma aumentar a circulação de pessoas e o risco de transmissão. Diante desse cenário, o Portal M! buscou especialistas para entender os fatores que levaram aos registros recentes e os cuidados necessários para a população durante o período da folia.
De acordo com o infectologista Maurício de Souza Campos, coordenador do Serviço de Controle de Infecção (SCIH) do Hospital Dantas Bião e do Hospital Materno Infantil de Alagoinhas, o aumento de casos se deve a fatores sazonais e à circulação de turistas: “Os dados chamam atenção, porque estamos ainda no segundo mês do ano e isso deixa um alerta aceso, especialmente por estarmos próximos do Carnaval. Mas, se compararmos com o mesmo período do ano passado, houve uma diminuição de 76%. Isso indica que a infecção está sob controle. Esse aumento de casos é multifatorial, mas um dos principais fatores é o fluxo intenso de turistas durante o verão, o que facilita a disseminação de viroses, incluindo a Covid”. Já a infectologista Lorena Galvão, que atua no Hospital da Bahia e no Hospital Santa Izabel, enfatizou que a infecção pelo SARS-CoV-2 ainda não apresentou comportamento sazonal como outros vírus respiratórios. “O aumento recente pode estar relacionado às grandes aglomerações das festas de fim de ano e ao período de férias“, pontuou.
Embora o crescimento dos casos de Covid-19 não seja alarmante, especialistas alertam para a necessidade de atenção. O infectologista Maurício Campos explica que, até o momento, não há alerta especial das autoridades sanitárias. No entanto, o Carnaval é um evento de grande aglomeração, o que eleva o risco de transmissão. Além disso, algumas variantes em circulação não são totalmente cobertas pelas vacinas disponíveis. “Cuidados pessoais seguem essenciais”, ressaltou. Já a infectologista Clarissa Cerqueira Ramos, que atua no Hospital Cardio Pulmonar, afirma que a Covid-19 ainda representa riscos. “Continua trazendo complicações, como risco de hospitalização, intubação e infecções secundárias. Reduzimos esses impactos por meio da vacinação, mas os riscos ainda existem”, pontuou. Por sua vez, o infectologista Claudilson Bastos, do Instituto Couto Maia, destacou que a baixa adesão à vacinação pode facilitar o surgimento de novas variantes. “A queda na procura pela vacina contribuiu para o surgimento de novas variantes, o que aumenta a transmissibilidade. Os fatores de risco seguem sendo imunossupressão, idade avançada, gestantes e pessoas com comorbidades”, alertou.
Os especialistas reforçaram ainda que a imunização segue como a principal estratégia contra a Covid-19. Maurício lembra que a cobertura vacinal da Bahia é alta, mas os reforços são fundamentais. “Bahia tem quase 95% da população imunizada com o ciclo básico, mas é fundamental que aqueles que ainda não tomaram os reforços busquem a vacinação”. Lorena, por sua vez, reforçou a necessidade de atenção, principalmente para os grupos prioritários. “Ainda existe um percentual importante da população que não fez as doses de reforço. É essencial que os grupos prioritários fiquem atentos à necessidade de continuar se vacinando”.
Apesar do cenário, mitos e desinformações sobre a doença e a vacina continuam sendo um desafio. Maurício Campos alerta para os principais equívocos que circulam, especialmente nas redes sociais. “O maior fake news envolvendo a Covid, sem sombra de dúvida, é o que se espalha, especialmente nas redes sociais, sobre a vacinação. A vacina contra o Covid, assim como toda vacina que entra em circulação depois de aprovado pelos órgãos responsáveis, é uma vacina segura e, portanto, não existe possibilidade de desenvolvimento de doenças, especialmente doenças neurológicas e psiquiátricas, como a gente tem visto muito nas redes sociais”, afirmou. Ele também esclareceu um segundo equívoco, que estaria relacionado ao fim da Covid, e enfatizou que a ideia de que a doença não causa mais gravidade “é um mito”. “O que acabou foi o alerta de pandemia e a Organização Mundial de Saúde (OMS) já declarou isso. Uma vez que a infecção e os casos estão controlados ao redor do mundo, mas os casos estão aí. Ainda é uma doença que pode ser grave, especialmente populações vulneráveis, como crianças muito pequenas, idosos, pessoas com comorbidades, imunossupressores, então esses cuidados permanecem”.
Com a proximidade do Carnaval, especialistas recomendam medidas preventivas para reduzir a transmissão do vírus. O infectologista Maurício Campos orientou que o uso de álcool 70%, a higienização frequente das mãos e evitar contato próximo com pessoas sintomáticas são práticas essenciais. Se estiver com sintomas gripais, o ideal é utilizar máscara em locais de aglomeração”, complementou.
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