Economia brasileira atinge maior nível da história com alta de 0,4% no PIB; agro e serviços puxam avanço

04/09/2025 06:20 • 4m de leitura

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil registrou crescimento de 0,4% no segundo trimestre de 2025 em relação aos três primeiros meses do ano, conforme dados divulgados, nesta terça-feira (2), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com este desempenho, a economia brasileira alcança o maior patamar da série histórica iniciada em 1996, totalizando R$ 3,2 trilhões. Na comparação com o segundo trimestre de 2024, o PIB apresentou alta de 2,2%, impulsionada principalmente pelo avanço da agropecuária, que cresceu 10,1% em função do aumento de produtividade em algumas lavouras. No acumulado do semestre, a economia subiu 2,5%, enquanto no acumulado em quatro trimestres, o crescimento chegou a 3,2%. “As atividades indústrias de transformação e construção, que dependem de crédito, são mais afetadas nesse cenário”, avalia ela, acrescentando que os efeitos negativos na construção e na produção de bens de capital [máquinas e equipamentos] ajudam a explicar a queda nos investimentos”, disse Rebeca Palis, coordenadora da Contas Nacionais do IBGE.

Exportações e importações no PIB

O IBGE apontou que as exportações brasileiras cresceram 0,7% entre o primeiro e o segundo trimestre de 2025 e 2% na comparação anual. As importações, por outro lado, registraram queda de 2,9% no trimestre, mas alta de 4,4% em relação ao mesmo período de 2024. Diferentemente da balança comercial, que considera apenas bens e valores monetários, o cálculo do PIB inclui bens e serviços, sendo que os percentuais divulgados representam variações em volume.

Setores que impulsionaram crescimento

O desempenho do PIB no período foi sustentado principalmente pelos serviços, que subiram 0,6%, e pela indústria, com avanço de 0,5%. Entre os serviços, destacaram-se atividades financeiras, seguros e serviços relacionados, transporte, armazenagem e correio, além do setor de informação e comunicação, impulsionado pelo desenvolvimento de softwares e soluções tecnológicas. “Foi uma alta disseminada pelo setor e puxada pelas atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados; informação e comunicação, impulsionado pelo desenvolvimento de software, e transporte, armazenagem e correio, puxado por transporte de passageiros”, disse Rebeca Palis. A indústria de transformação apresentou leve queda de 0,5%, enquanto a indústria extrativa avançou 5,4%. Já a construção civil registrou retração de 0,2%, e a produção de eletricidade e água caiu 2,7%. O comércio permaneceu estável (0%), e a agropecuária recuou 0,1% no trimestre, embora ainda apresente crescimento expressivo em comparação anual.

Consumo e investimentos

O consumo das famílias teve crescimento de 0,5%, atingindo patamares recordes, enquanto o consumo do governo caiu 0,6%. Os investimentos sofreram retração de 2,2%, reflexo da política monetária restritiva adotada pelo Banco Central, que elevou a taxa Selic para 15% ao ano, maior nível desde julho de 2006. A coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, explica que os setores que dependem de crédito, como construção e indústria de transformação, são os mais impactados por juros altos, o que contribuiu para a redução dos investimentos.

Cenário econômico e expectativas

O crescimento do PIB de 0,4% no trimestre representa uma desaceleração em relação ao primeiro trimestre de 2025, quando houve alta de 1,3%. O efeito contracionista da elevação da Selic visa controlar a inflação, mas pode reduzir ritmo de investimentos, emprego e renda. Para o fechamento de 2025, o mercado financeiro projeta expansão de 2,19% para o PIB, enquanto a Secretaria de Política Econômica estima crescimento de 2,5%. Em 2024, a economia brasileira encerrou o ano com alta de 3,4%, sendo a maior expansão desde 2021, quando o crescimento foi de 4,8%.

Entendendo o PIB

O Produto Interno Bruto representa o conjunto de bens e serviços finais produzidos em determinado período e permite acompanhar a evolução da economia e realizar comparações internacionais. O cálculo considera apenas bens finais para evitar dupla contagem e inclui impostos incidentes. Apesar de refletir a dimensão econômica, o PIB não indica necessariamente a distribuição de renda ou a qualidade de vida da população.

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