O dia 8 de março é conhecido internacionalmente como Dia da Mulher, e eu particularmente penso que todos os dias são nossos. E nós queremos flores e bombons, mas desejamos, além disso, salários dignos e respeito. Queremos falar sem ser interrompidas, queremos nossas ideias respeitadas, valorizadas e não plagiadas, queremos oportunidades de crescer e aparecer, queremos espaços na política , salários iguais, direitos assegurados, vez e voz o ano inteiro. Por falar em respeito, recusamos ser tratadas como objeto de exploração, como recentemente sugeriu um deputado paulista, que insinuou turismo sexual em tempos de guerra. Causaram-nos repulsa os áudios que ele gravou afirmando que mulheres naquela situação são fáceis porque são pobres, como se elas fossem um produto em uma prateleira a sua disposição. Queremos ser consideradas em todos os ambientes de trabalho, sobretudo na política, um meio altamente machista. Hoje, diante dos aumentos sucessivos no combustível, as críticas ao atual presidente não se comparam às criticas que a ex-presidenta Dilma Rousself sofreu em sua gestão. Naquele período, em que houve reajustes de centavos, tivemos grandes panelaços, o uso de expressões machistas e ofensas à dignidade da mulher no poder (os opositores usavam imagens com conotação sexual). Neste ano de 2022, o valor do combustível é aumentado em um real por dia, todavia, escutamos apenas um incômodo silêncio. Em várias cidades, perdura o machismo estrutural e mulheres que são os nomes mais fortes para disputar eleições municipais infelizmente têm que abrir mão das suas candidaturas porque os partidos, dominados por homens, querem que elas se sacrifiquem em favor de outros homens protegidos. Em Serrinha por exemplo, Edylene Ferreira, a atual vereadora presidente da União dos Vereadores da Bahia, embora seja um grande nome, que teve três mandatos consecutivos, ainda não recebeu apoio dos caciques políticos para se tornar candidata a prefeita. Muitos municípios infelizmente nunca tiveram uma prefeita em sua história, pois os homens não conseguem abrir espaços para as mulheres. Em Araci, apesar de hoje termos duas mulheres no Executivo, muitos ataques são realizados de forma desproporcional. Diuturnamente, a gestora e sua vice recebem pequenas agressões, que são corriqueiras, verbais ou comportamentais, intencionais ou não, que transmitem mensagens negativas, hostis e depreciativas, apenas pelo fato de serem mulheres. Essas pequenas agressões são como picadas de mosquito: não são o fim do mundo, mas podem perturbar a paz e adoecer o corpo. Para piorar, sempre aparece alguém para dizer: Ah! Mas é só um mosquitinho, que é isso? Esse verdadeiro assédio diário cansa e deve mudar. Nós não podemos aceitar um país que não respeita as mulheres, e nisso Araci saiu na frente. Hoje temos em nossa cidade a Secretaria da Mulher , que luta por políticas públicas e parcerias para tratar as mulheres de forma mais igualitária, construído uma sociedade mais justa e democrática, conforme os nossos princípios constitucionais. Nessa ação, a mulher é protagonista, participando, denunciando, exigindo a qualquer tempo. Com essa colaboração entre as mulheres e o apoio do poder público, já podemos apostar num novo dia, mais igualitário e com mais dignidade, que será melhor para toda a sociedade.
Autora: Adriana Carvalho Silva – Advogada, professora e atual secretária municipal da Mulher de Araci – Bahia.