“Chegamos ao limite”. É assim que Giorgio Gori, o prefeito de Bergamo, resume as últimas semanas na cidade de 122 mil habitantes no norte da Itália, a cerca de 60 km de Milão. Com 3,4 mil infectados (dados de 15 de março), a província de mesmo nome é a mais afetada pelo coronavírus no país europeu, em um cenário que está sobrecarregando o sistema de saúde local. Neste momento, nós somos o epicentro europeu da epidemia de covid-19. Temos o maior número de pessoas infectadas, internadas, e, lamentavelmente, também de vítimas. Apenas na última semana, foram mais de 300 mortos em decorrência do coronavírus. Eu mesmo tenho em meu círculo próximo pessoas que se infectaram e outras que lamentavelmente faleceram. Mas acredito que esses números sejam maiores, porque estou convencido que não estamos registrando todos os casos de coronavírus. A maioria dos infectados não apresentam sintomas e não sabem que têm o vírus. É por isso que imploramos ao governo que impusesse medidas de distanciamento social. Se isso não tivesse sido feito, teríamos dezenas de milhares de infectados pelas ruas, possivelmente com sintomas muito leves mas ainda assim capazes de contaminar outros, e a situação seria infinitamente pior. “Tivemos que fechar o cemitério da cidade para proteger as pessoas mais velhas que estavam indo visitar seus entes queridos que morreram nas últimas semanas. Por outro lado, precisamos abrir o necrotério e a igreja do cemitério para abrigar a grande quantidade de cadáveres que se acumulou. Precisamos, inclusive, pedir ajuda a outras cidades para que nos deixassem usar seus fornos crematórios, porque os nossos não são mais suficientes” disse o prefeito. (BBC)