Enquanto os casos de coronavírus continuam a aumentar no mundo todo (no Brasil, já são mais de 30), também conseguimos ver uma crescente ansiedade e até um certo pânico surgindo no comportamento das pessoas. Isso fica evidente, por exemplo, no aumento vertiginoso na busca por máscaras cirúrgicas —no Brasil, a Anahap (Associação Nacional de Hospitais Privados) estima que o valor desses acessórios cresceu até 569%; na China, epicentro da doença e que tem até a última atualização mais de 80 mil casos confirmados (com mais de três mil mortes), o desespero foi tamanho que as pessoas começaram a improvisar máscaras com sacolas plásticas e até galões de água. E não para por aí. Da Europa e dos EUA chegam imagens de pessoas esvaziando prateleiras de supermercados. A Itália impôs quarentena em todo o seu território em uma tentativa de barrar a proliferação do vírus, e diversos países europeus fecharam universidades e escolas. Congressos médicos estão sendo cancelados e empresas como Google, Facebook e Twitter desistiram de participar de grandes eventos de tecnologia (que acabaram cancelados também) por conta da ameaça do vírus. No Irã, 27 pessoas morreram por ingerir álcool adulterado com a promessa de ficarem livres do vírus. Uma das explicações para esse sentimento de medo exacerbado é a forma como o coronavírus se apresentou: uma doença respiratória (o que, por si só, já gera preocupação) misteriosa que provocou uma epidemia de pneumonia na China e deixou diversos pacientes (especialmente os idosos) em estado crítico. “As pessoas se assustaram com a rapidez com quem a situação evoluiu e também com as mortes, outro fator que sempre causa comoção”, acredita Hélio Bacha, infectologista do Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Esse quadro de insegurança ganhou ainda mais força pela facilidade com que o vírus se espalha —como sua apresentação pode ser assintomática ou com sintomas de uma leve gripe, alguns pacientes podem adquirir o vírus e não saber. Mesmo assim, o especialista acredita que não há motivo para desespero. “O pânico é o medo sem informação, e isso [informação] é o que mais temos atualmente”, acredita. “Nunca vi uma epidemia tão bem estudada e documentada como a do coronavírus”, afirma.