Conheça a causa do acidente de avião que matou Marília Mendonça

16/05/2023 07:40 • 5m de leitura

O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da Força Aérea Brasileira (FAB), concluiu que não houve falha mecânica e apontou que o julgamento do piloto no momento de aproximação da aeronave para o pouso contribuiu para o acidente que matou a cantora Marília Mendonça e outras quatro pessoas em Piedade de Caratinga, na Região do Rio Doce, em Minas Gerais, em 5 novembro de 2021. As informações são do Portal G1. “Houve uma avaliação inadequada acerca de parâmetros da operação da aeronave, uma vez que a perna do vento foi alongada em uma distância significativamente maior do que aquela esperada”, diz um trecho do relatório sobre o acidente aéreo, publicado na noite desta segunda-feira (15). Mais cedo, antes da divulgação do relatório do Cenipa para a imprensa, o advogado da família de Marília Mendonça, Robson Cunha, havia afirmado, durante uma coletiva, que o acidente não foi causado por erro do piloto nem por falha da aeronave. “De modo geral, o Cenipa entende que não houve nenhum erro do piloto. Atitudes tomadas fora do plano de voo não são erradas”, disse Cunha. O relatório, no entanto, diz que a decisão do piloto foi “inadequada acerca de parâmetros da operação da aeronave” no momento da aproximação com o aeroporto. Segundo o Cenipa, a aproximação da aeronave “foi iniciada a uma distância significativamente maior do que aquela esperada” e “com uma separação em relação ao solo muito reduzida”. Isso significa que o avião estava mais baixo do que deveria naquele ponto. O Cenipa levantou a possibilidade de que a tripulação da aeronave estivesse “com a atenção (visão focada) direcionada para a pista de pouso em detrimento de manter uma separação adequada com o terreno em aproximação visual”. Além disso, de acordo com o relatório, o piloto “possuía indicação de fazer uso de lentes corretoras devido a um diagnóstico de astigmatismo”. “Uma vez que não foi possível confirmar se o PIC [piloto] fazia uso de lentes corretoras no momento do acidente, deve-se considerar que, em uma eventual ausência das lentes, haveria certa redução da sua acuidade visual e da percepção de profundidade”, diz o documento. A aeronave bateu em um cabo de uma torre de distribuição da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) que não estava sinalizado. No entanto, a linha de transmissão estava fora da zona de proteção do aeródromo, tinha altura inferior a 150 metros – 38,5 metros – e estava fora das superfícies de aproximação ou decolagem. Por isso, segundo o Cenipa, “não representava um efeito adverso à segurança” e não “se enquadrava nos requisitos que a caracterizassem como um obstáculo ou objeto passível de ser sinalizado”. “Uma vez que a linha de 69 kV encontrava-se fora dos limites de Zona de Proteção de Aeródromo (ZPA) estabelecidos pelo PBZPA, ela não se caracterizava como um obstáculo que pudesse causar efeito adverso à segurança ou regularidade das operações aéreas”. Apesar disso, o Cenipa recomendou ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) realizar gestões junto à Cemig “de modo a sinalizar, em caráter excepcional, a linha de transmissão de 69 kV”. Inquérito da Polícia Civil Investigações da Polícia Civil de Minas Gerais, divulgadas em novembro de 2022, concluíram que a aeronave estava voando baixo e que o piloto não seguiu o padrão de pouso do aeródromo – ele fez a aproximação pelo lado correto, mas “se afastou” do local recomendado e saiu da zona de proteção. Uma das hipóteses levantadas pela polícia é que ele tenha tentado fazer um pouso “mais suave”. A zona de proteção é a área de entorno sujeita a restrições para que aeródromos possam operar com segurança. “A gente aguarda hoje a elaboração dos laudos por parte do Cenipa para que, se descartar de fato qualquer falha nos motores que fizesse com que a aeronave voasse tão baixo, a gente consiga caminhar para a conclusão de uma falha humana”, afirmou, em novembro, o delegado regional de Caratinga, Ivan Lopes Sales, responsável pela investigação. A família da artista não quis comparecer quando o Cenipa apresentou o documento. Segundo o advogado, a mãe da cantora, Dona Ruth, “entende que nada do que vier a ser tratado vai trazer Marília de volta, e o interesse é que, a partir de hoje, não ocorram acidentes como esse”.

Relembre o acidente

No dia 5 de novembro de 2021, a aeronave que transportava a equipe da cantora caiu em Piedade de Caratinga, na Região do Vale do Rio Doce, em Minas Gerais. Tratava-se de um bimotor Beech Aircraft, da PEC Táxi Aéreo, de Goiás, prefixo PT-ONJ, com capacidade para seis passageiros. Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o avião estava em situação regular e tinha autorização para fazer táxi aéreo. Ele decolou do Aeródromo Santa Genoveva, em Goiânia (GO), às 16h02min. O grupo voava em direção à cidade de Caratinga, onde a artista faria um show naquela noite. Além de Marília Mendonça, morreram Geraldo Medeiros (piloto), Tarciso Viana (copiloto), Henrique Ribeiro, o Henrique Bahia (produtor) e Abicieli Silveira Dias Filho (tio e assessor da artista). A cantora morreu aos 26 anos, no auge da carreira, deixando o pequeno filho Leo. Os cinco ocupantes da aeronave foram vítimas de politraumatismo contuso, de acordo com o médico-legista Thales Bittencourt de Barcelos. As mortes aconteceram depois que todos já estavam no chão.

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