Com vendas fracas e falta de peças, montadoras dão férias coletivas e paralisam produção

21/03/2023 06:00 • 3m de leitura

Depois da paralisação em três unidades da Volkswagen, em fevereiro, outras três montadoras estão anunciando férias coletivas entre março e abril – General Motors, Hyundai e Stellantis, dona de marcas como Fiat, Peugeot, Citröen. Além da falta de componentes, que levaram a seguida paralisações das fábricas desde 2020, com a pandemia afetando a cadeia de componentes, desta vez também o cenário econômico de juros altos e inflação está pesando na decisão de interromper a produção. Na prática, com menos clientes comprando, as fábricas querem ajustar a produção à demanda mais fraca de vendas. A Hyundai Motor Brasil informou que vai conceder férias coletivas a partir de 20 de março até 2 de abril, para os três turnos de produção e equipes administrativas de sua fábrica de veículos em Piracicaba, interior de São Paulo, onde são produzidos os modelos HB20 e Creta. Segundo a empresa, a medida não inclui as operações da fábrica de motores, localizada no mesmo complexo industrial, que seguirão normalmente. De acordo com nota da empresa, a paralisação das atividades tem como objetivo “adequar os volumes de produção para o mês de março, evitando a formação de estoques e acompanhando a dinâmica do mercado interno de veículos para o primeiro trimestre do ano. Os volumes originais de produção programados para os demais meses de 2023 permanecem inalterados”, diz a empresa. Na fábrica da General Motors em São José dos Campos, também no interior de São Paulo, haverá ajuste temporário na produção da picape Chevrolet S10. Por isso, a montadora informa que vai conceder férias coletivas aos empregados entre os dias 27 de março e 11 de abril. A Stellantis concederá férias coletivas na planta de Goiana, Pernambuco, liberando um dos três turnos de trabalho a partir de 22 de março, com retorno ao trabalho programado para 10 de abril. No dia 27 de março, as atividades também serão interrompidas nos demais turnos, com retorno previsto para 6 de abril. Será paralisada a produção dos SUVs Renegade, Compass, Commander e da picape Fiat Toro. As demais plantas continuam operando normalmente. Segundo a empresa, a medida se “deve à necessidade de ajustar o volume de produção à disponibilidade de componentes”. O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio de Lima Leite, disse recentemente, durante apresentação dos números de produção e vendas de veículos, que a redução da taxa de juros é fundamental para a volta do crescimento do setor. – Se nós queremos crescer, retomar a indústria, com essa taxa de juros não vamos fazer. Não há dúvida em relação a isso. E não estamos elucubrando: com essa taxa de juros, o mercado não cresce. Engrossar o coro para redução dos juros é fundamental ao nosso crescimento – afirmou Leite durante a apresentação dos números de vendas e produção de veículos em janeiro passado. O mês de fevereiro terminou com produção de 161,2 mil unidades, alta de 5,6% em relação a janeiro quando foram produzidas 152,7 mil unidades. Já as vendas caíram em relação ao primeiro mês do ano, já que fevereiro teve apenas 18 dias úteis com a volta do carnaval. Foram 129,9 mil unidades vendidas frente as 142,9 mil em janeiro.

Leia também