Com projeto piloto em Valente, jovem cria sistema que purifica água no sertão usando a luz do sol

04/12/2019 07:55 • 3m de leitura

Quando escreveu “Vidas Secas”, o autor alagoano Graciliano Ramos traçou um retrato da migração nordestina causada pela seca no sertão. Em 2013, após 75 anos da publicação, foi por meio da obra literária que a soteropolitana Anna Luísa Beserra, com 15 anos à época, descobriu os danos que a falta de água pode causar a uma população. Seis anos depois, em setembro de 2019, Anna, 21, tornou-se a primeira brasileira a ganhar o Jovens Campeões da Terra, principal premiação da ONU (Organização das Nações Unidas) para pessoas entre 18 e 30 anos que estão desenvolvendo projetos relacionados à melhoria do meio ambiente. Isso porque, ainda por influência do livro, ela criou o Aqualuz, um aparelho de estrutura simples que purifica água através de raios solares. “A literatura nos faz mergulhar na realidade, né? Com ‘Vidas Secas’ aprendi que a falta de água está ligada a problemas como a fome ou a impossibilidade de continuar vivendo em determinadas regiões”, explica. Juntando a recém-descoberta ao sonho de ser cientista que a acompanhava desde a infância, Anna decidiu tentar encontrar uma solução para o problema. Na escola, um colégio particular de Salvador (BA), havia um cartaz convidando os alunos a submeterem projetos no Prêmio Jovem Cientista, realizado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Logo se inscreveu para participar. Coincidentemente, o tema da edição de 2015 era “Água: Desafios da Sociedade”. Assim, ela começou a pesquisar sobre tecnologias relacionadas ao tratamento da água. Encontrou o método SODIS, desenvolvido pelo Instituto Federal Suíço de Ciência e Tecnologia Aquática. Basicamente, é um processo em que garrafas plásticas são preenchidas com água e deixadas sob o sol por, no mínimo, seis horas e, no máximo, dois dias, para que os raios solares UV eliminem possíveis bactérias. Anna Luísa, então, pensou que poderia adaptar a tecnologia para a realidade de famílias sertanejas. “Durante minhas pesquisas, descobri pessoas que estavam sofrendo com problemas relacionados à água. Muita gente com diarreia, febre, fraqueza… E começamos a identificar que talvez isso tivesse ligação com as cisternas que eles tinham em casa”, conta. Assim, juntou o processo de matar bactérias por meio de alta incidência solar com a criação de um filtro que fosse responsável por separar possíveis impurezas externas que caíssem no reservatório.

A relação de Valente e o projeto

A primeira instalação foi no município de Valente (BA). Desde então, 107 casas — espalhadas pelos estados da Bahia, Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Alagoas — receberam a tecnologia. Para conseguir implantar as unidades, ela contou inicialmente com a parceria de ONGs e voluntários e depois saiu em busca de empresas com foco em empreendedorismo social para financiar o projeto.

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