
O acordo de cessar-fogo entre Israel e o grupo Hamas na Faixa de Gaza entrou em vigor às 12h no horário local (6h no horário de Brasília) desta sexta-feira (10), marcando um avanço significativo rumo ao fim de uma guerra que durou dois anos e desestabilizou o Oriente Médio. A medida foi aprovada pelo gabinete do primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, durante a madrugada, e o reposicionamento das tropas do Exército israelense dentro de Gaza já começou, conforme as linhas acordadas no tratado de trégua.
Milhares de palestinos reunidos em Wadi Gaza, no centro do território, começaram a se deslocar para o norte logo após o anúncio. Antes disso, residentes relataram intenso bombardeio em diversas áreas da Faixa de Gaza. O cessar-fogo é resultado de um plano proposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no dia 29 de setembro, com mediação do Egito, Catar e Turquia. O objetivo é encerrar confrontos armados, devolver reféns e criar condições para um fluxo humanitário, sem abordar ainda algumas das questões mais complexas da região, como o controle político pós-guerra e o desarmamento do Hamas.
Segundo Khalil al-Hayya, líder político do Hamas, Israel deve liberar cerca de 2 mil prisioneiros palestinos e permitir a travessia da fronteira entre Gaza e Egito, garantindo a entrada de ajuda humanitária. Além disso, todas as mulheres e crianças detidas em prisões israelenses serão libertadas. O grupo recebeu garantias do governo Trump e de mediadores internacionais de que a guerra chegou ao fim. Um oficial de segurança israelense informou à Associated Press (AP) que o Exército israelense controlará cerca de 50% da Faixa de Gaza nesta fase inicial do cessar-fogo. Por outro lado, detalhes sobre a extensão da retirada israelense e a desmilitarização do Hamas foram deixados para futuras negociações. Para monitorar a implementação do acordo, autoridades norte-americanas anunciaram o envio de cerca de 200 tropas para Israel, integrando uma força internacional mais ampla que supervisionará a trégua.
O governo israelense estima que dos 48 reféns que permanecem em Gaza, 20 estão vivos e 28 morreram, conforme declaração de Netanyahu nesta sexta-feira. O líder israelense projeta que todos os reféns sejam devolvidos até a noite de segunda-feira (13), coincidindo com a festividade judaica do Simchat Torá, que deve se tornar um “dia de alegria nacional” em Israel. Este acordo inicial cobre apenas parte dos 20 pontos do plano de Trump. Questões como a governança da Faixa de Gaza e o desarmamento do Hamas serão discutidas em uma segunda fase. Trump afirmou que o desarmamento do grupo e a retirada de tropas israelenses serão abordados futuramente. O Hamas concordou em libertar os reféns dentro de 72 horas, incluindo a entrega dos corpos dos mortos. Segundo informações da Turquia, uma força-tarefa internacional auxiliará o grupo na busca por corpos ainda desaparecidos, estimados entre seis e sete pessoas.
Em Tel-Aviv, cidadãos comemoraram o anúncio da trégua na Praça dos Sequestrados, cantando, dançando e erguendo bandeiras israelenses e americanas. Entre eles, Einav Zangauker, mãe do refém israelense Matan Zangauker, demonstrou alívio e esperança. “Se eu tenho um sonho, é ver Matan dormir em sua própria cama”, declarou à imprensa. Em Gaza, residentes começaram a se deslocar com cautela, buscando retomar alguma normalidade após anos de bombardeios e bloqueios. Khalil al-Hayya reforçou que “a guerra e a agressão contra nosso povo chegaram ao fim”, destacando que a trégua foi garantida com apoio internacional.
O plano prevê o fim imediato dos ataques aéreos e a redução da presença militar israelense de 75% para 57% da Faixa de Gaza nesta fase inicial. Israel deve receber de volta todos os reféns ainda vivos, enquanto o Hamas cumpre a libertação dos detidos palestinos. Apesar do progresso, pontos delicados permanecem pendentes, como o controle administrativo da região e a completa retirada de armas do Hamas. Especialistas afirmam que a fase inicial da trégua estabelece apenas as bases para negociações mais abrangentes e duradouras. O presidente Trump deve visitar Israel nos próximos dias, possivelmente discursando no Parlamento e avaliando uma ida à Faixa de Gaza, reforçando o papel dos EUA como mediador central na implementação do acordo.
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