Brasileiro abrigado em bunker faz apelo a governo para deixar Ucrânia: ‘A gente não sabe até quando vai ter água e comida’

24/02/2022 02:44 • 3m de leitura

O brasileiro Luciano Rosa conta que está há pelo menos duas horas fechado em um bunker em hotel em Kiev após um alerta de bombardeio nesta quinta-feira (24). A sirene disparou por volta das 16h, horário local, na capital ucraniana. Ele, que é fisioterapeuta e está no país a trabalho como parte da equipe do time Shakhtar Donetsk, gravou uma mensagem pedindo ajuda ao governo brasileiro. “A gente pede ajuda ao governo brasileiro para a retirada dos brasileiros. A todo momento tem sirene de ataque aéreo, não sabemos até que horas vai ter água comida e aquecimento, fazemos esse apelo para que as autoridades tenham uma estratégia para retirada dos brasileiros, a situação está muito crítica”, disse em vídeo enviado ao g1. Luciano está no bunker de um hotel onde é feita a concentração do Shakhtar. Ele, jogadores, familiares e toda a equipe técnica estão no local desde a madrugada, quando começaram os ataques. O brasileiro conta que recebeu uma ligação sendo alertado de que a Rússia começaria um bombardeio e pedindo que deixasse sua casa, onde mora com o filho. “Eu fui avisado de que começariam a nos bombardear e que era para irmos ao hotel, que fica no centro. Minutos depois da ligação, comecei a ouvir as explosões. Saímos em desespero e estamos apavorados com a situação”, conta.

Eles estão no bunker no subsolo depois de uma sirene que alertou para um bombardeio. A sala, com baixa iluminação, é de carpete. Há também cadeiras, onde as pessoas tentam se acomodar. Ele conta que há risco de falta de energia, o que pode comprometer o aquecimento no local e o acesso à internet. “Não sabemos quando ou se vamos poder sair daqui. A orientação é que aqui é mais seguro, mas não sabemos o que está acontecendo lá fora”, relata. Luciano está no país desde setembro de 2021, quando deixou o Corinthians, contratado para atuar na recuperação de jogadores do Shakhtar Donetsk. Ele foi para a Ucrânia com o filho, que atua na seleção de base do time. “Enquanto vínhamos para cá, a situação era de pavor. As filas enormes nos postos, muitos já sem combustível. As vias de saída da cidade completamente interditadas. Eu nunca vivi nada parecido, estamos apavorados e pedimos ajuda urgente do governo brasileiro”, comentou.

Luciano estava com passagem marcada para deixar a Ucrânia nesta quinta-feira, mas com os bombardeios, o espaço aéreo foi fechado e os vôos cancelados. Ele é de São José dos Campos, no interior de São Paulo, onde mora com a esposa e a filha. A reportagem do g1 acionou o Itamaraty, mas não obteve retorno até a publicação.

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