
O salário médio dos trabalhadores baianos foi um dos mais baixos do país em 2024, conforme dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com rendimento médio real de R$ 2.165 por mês, a Bahia ocupou a terceira pior posição no ranking nacional de remuneração.
A média salarial nacional foi de R$ 3.225, o que significa que os trabalhadores baianos receberam, em média, 32,8% a menos do que a média brasileira.
O levantamento também revelou que a desigualdade salarial na Bahia se acentua quando analisados fatores como raça e gênero.
A discrepância salarial entre os diferentes grupos reforça a desigualdade estrutural no Estado, impactando diretamente a qualidade de vida e as oportunidades de ascensão social.
Um dos principais fatores que explicam os baixos salários na Bahia é a alta taxa de informalidade, que atingiu 51,4% em 2024, sendo a sexta maior do Brasil. Estados como Pará (58,1%), Piauí (56,6%) e Maranhão (55,3%) lideram esse ranking. A informalidade cresceu 1% entre 2023 e 2024, incorporando mais 34 mil pessoas sem vínculo formal de trabalho. Esse aumento reflete a dificuldade de acesso ao emprego com carteira assinada e aos benefícios trabalhistas. Segundo o sociólogo Umero Bahia, a combinação entre déficit educacional e vulnerabilidade social dificulta a inserção dos trabalhadores no mercado formal.
Apesar dos desafios salariais e da informalidade, o mercado de trabalho brasileiro registrou avanços significativos em 2024.
No entanto, a informalidade continua sendo um obstáculo, com 40,3 milhões de trabalhadores sem direitos trabalhistas garantidos – um número que superou até mesmo os empregos com carteira assinada. Embora o rendimento médio nacional tenha subido para R$ 3.285, ele ainda está abaixo do valor registrado em 2020 (R$ 3.292). De acordo com a especialista em mercado de trabalho do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Lúcia Garcia, “a verdade é que o trabalhador brasileiro ganha mal e trabalha em empregos precários”. “Houve uma recuperação de algo que havíamos perdido na pandemia, mas isso não veio acompanho de um povo saltitante de felicidade pelas ruas. É preciso moderação e criticismo”, resumiu a economista. Para o coordenador do Fórum das Centrais Sindicais, Clemente Ganz Lúcio, “o mercado de trabalho é heterogêneo, desigual, precário e vulnerável, e tem milhões de trabalhadores que desejam empregos e salários de qualidade”. “O IBGE estima que há cerca de 66 milhões de pessoas em idade de trabalhar, mas fora da força de trabalho ativa. A força de trabalho subutilizada [que trabalha menos horas do que gostaria] é estimada em 18 milhões de pessoas”, acrescentou o sociólogo.