Bahia não tem fila de espera por coração porque não faz transplantes desde janeiro de 2022

23/08/2023 06:09 • 5m de leitura

A recente revelação de que o apresentador Fausto Silva, um dos ícones da TV brasileira, precisará de um transplante de coração chamou atenção da sociedade para a fila da cirurgia no Brasil. Na Bahia, segundo a Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), não há fila de espera para o órgão, porque o transplante não é realizado aqui há um ano e sete meses. Com isso, os baianos entram na lista nacional, que conta com 385 pessoas, conforme o Sistema Nacional de Transplantes (SNT). Ainda segundo o SNT, neste momento, nenhum baiano integra a fila de espera para um coração. A boa notícia é que a Sesab informou que a Bahia está em vias de retomar a realização de transplantes cardíacos. Segundo o órgão, a previsão é que “até outubro, o Hospital Ana Nery volte a fazer este tipo de procedimento”. No Estado, a última cirurgia deste tipo foi realizada em janeiro de 2022, conforme a Central Estadual de Transplantes (CET). A reportagem também questionou a Sesab sobre quais critérios adotados para a composição da lista de espera. Segundo a assessoria de comunicação da secretaria, são levados em conta o tempo de espera, a gravidade do paciente e a compatibilidade doador/receptor. Sobre a verificação para atender a este último critério, a pasta indicou que são realizados exames de tipagem sanguínea. Ao Portal M!, o cirurgião cardiovascular Sidnei Nardeli, coordenador do Projeto de Transplantes Cardíaco do Hospital IBR, explicou que os casos prioritários para o procedimento geralmente são de pacientes em estado crítico e com risco iminente de morte devido à insuficiência cardíaca. Segundo ele, isso pode incluir situações como cardiomiopatia em estágio avançado, necessidade de suporte mecânico, falência cardíaca aguda, casos de retransplante e critérios de emergência (pacientes que estão em estado crítico e têm uma probabilidade muito baixa de sobrevivência sem o transplante). Crianças e jovens também têm prioridade. “Em muitos sistemas de alocação de órgãos, como a lista de espera para transplante, os pacientes com maior gravidade da doença, frequentemente avaliada por scores de gravidade, recebem prioridade mais alta para receber um órgão doado. A seleção de casos prioritários é complexa e leva em consideração vários fatores médicos e éticos”, explicou o especialista.

Insuficiência cardíaca

Faustão está internado desde o último dia 5 de agosto no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, para o tratamento de insuficiência cardíaca. Segundo o cirurgião cardivascular, em casos como este, o transplante cardíaco é indicado em pacientes com o quadro avançado, quando outras opções de tratamento não foram eficazes e quando a condição do paciente é grave o suficiente para justificar a intervenção. “Alguns critérios que podem indicar a necessidade de um transplante cardíaco incluem a insuficiência cardíaca avançada, quando a função cardíaca está muito comprometida e os sintomas são graves, apesar do tratamento médico otimizado. Limitações funcionais significativas, falta de resposta a tratamentos convencionais, quando a expectativa de vida do paciente é considerada limitada sem o transplante, devido à gravidade da insuficiência cardíaca”, listou. Ainda segundo o especialista, também se considera a relação entre riscos e benefícios, ou seja, quando as potenciais vantagens do transplante superam os problemas associados à cirurgia e ao tratamento pós-transplante, além de contraindicações para outras terapias. “Se o paciente não é elegível para outras terapias, como cirurgia de correção de defeitos congênitos, revascularização miocárdica, angioplastia ou troca valvar”, detalhou. De acordo com Nardeli, a insuficiência cardíaca pode apresentar uma variedade de sintomas, que podem variar em intensidade de acordo com a gravidade da condição. Alguns dos sintomas mais comuns são falta de ar, fadiga e fraqueza, inchaço, ganho de peso súbito, tosse persistente, aumento da frequência cardíaca, diminuição da capacidade de exercício, palpitações, desorientação ou confusão, além da perda de apetite ou náuseas. “É importante notar que nem todas as pessoas com insuficiência cardíaca apresentarão todos esses sintomas, e eles podem variar de acordo com a causa subjacente da insuficiência cardíaca”, ressaltou. Já o diagnóstico para a condição, segundo o especialista, envolve uma avaliação abrangente que combina informações clínicas, exames físicos e de imagens, além de testes laboratoriais. “A combinação de testes e avaliações permite aos médicos confirmar o diagnóstico de insuficiência cardíaca, determinar a gravidade da condição e identificar a causa subjacente. A partir daí, um plano de tratamento adequado pode ser desenvolvido para ajudar a gerenciar a insuficiência cardíaca”, explicou.

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