A equipe SESI Biotech, de Barra Bonita, no interior de São Paulo, venceu o Community Choice Award no Global Innovation 2020, o maior prêmio de inovação da robótica no mundo. O projeto vitorioso foi o do selante de asfalto, capaz de acabar de vez com o problema de rachaduras na pista. A cerimônia on-line foi neste final de semana. Considerada a grande premiação no quesito inovação da robótica educacional, o prêmio destaca projetos que apresentem soluções de forma sustentável, dentro do tema de cada temporada. O tema desta temporada, determinado pela organizadora internacional do evento, FIRST (For Inspiration and Recognition of Science and Tecnology), era Cidades Inteligentes. A equipe é composta pelos jovens Manuela Rodrigues, Laura Mariano, Laura Resina, Leonardo Barreto, Bruno Roberto, João Gabriel e Lais Santos com idades entre 13 a 15 anos. Eles realizaram pesquisas em busca de soluções para um dos grandes problemas de mobilidade das cidades, que são as rachaduras e fissuras no asfalto, que vão degradando o pavimento das estradas com o passar do tempo. “É um problema gravíssimo, pois atinge diretamente a sociedade, provocando engarrafamentos, acidentes e problemas mecânicos nos veículos”, conta Lais Santos, de 13 anos. Ele diz que a solução encontrada foi um selante asfáltico, a base elementos contidos no bagaço da cana-de-açúcar, que bloqueia a ação nociva da água, acabando com a formação de buracos nas estradas de uma vez por todas. Com base no tema Cidades Inteligentes, os alunos batizaram o composto de ECOPAV. O selante ecológico é feito a partir do composto de lignina, extraído do bagaço da cana-de-açúcar, e de nanopartículas de carbono. Os estudantes contaram com a ajuda de um químico e realizaram diversas entrevistas com engenheiros e especialistas, a fim de adquirirem um resultado sustentável, eficaz e aplicável em grandes e pequenas obras. Ana Maria conta que era desejo dos alunos utilizar um material sustentável para a produção do selante, e foi assim que chegaram na lignina, produto existente em grande quantidade em Barra Bonita, que fica numa região produtora de cana-de-açúcar. A aluna Manuela Rodrigues, 14 anos, explica que “a lignina, além de reter a umidade, é resistente a temperaturas extremas e tem um alto potencial adesivo. Enquanto as nanopartículas de carbono são estruturas tubulares e flexíveis”. A combinação dos dois compostos é o que possibilita a capacidade do selante de quadriplicar a durabilidade e a resistência dos pavimentos utilizados nas cidades, impedindo que fissuras e rachaduras se formem desde o princípio da construção. Os alunos ressaltam ainda que, diferentemente dos produtos encontrados atualmente no mercado, o ECOPAV é um selante à frio e possui consistência pastosa. Por isso, por ser manuseado e aplicado sem a necessidade de treinamento, maquinário de grande porte e até mesmo de proteção, requeridos pelos selantes de alta temperatura. Os testes realizados mostraram-se bem sucedidos e, por isso, estão em busca de parcerias com empresas e com a prefeitura de Barra Bonita, para levarem o projeto adiante. Também está entre os desejos dos estudantes iniciar o processo de patenteamento e, se possível, a produção em larga escala.