“A distensão social que existe no Brasil tem que ser curada”, diz diplomata da ONU sobre desafio do próximo presidente

17/05/2022 06:06 • 4m de leitura

Testemunha ocular do conflito na Ucrânia e suas consequências para a população do país, que sofre com a invasão da Rússia, o diplomata brasileiro das Organização das Nações Unidas (ONU), Gerson Brandão, afirmou que o próximo presidente do Brasil vai ter que trabalhar bastante pela harmonia social e reintegração do país, que hoje sofre com a polarização. Em entrevista ao colunista do A Tarde e editor-chefe do Portal M!, Osvaldo Lyra, o diplomata, que está na cidade ucraniana de Vinnytsia para levar assistência aos moradores atingidos pela guerra, disse que o governo que será eleito neste ano de 2022 deverá criar um “ambiente de harmonia e respeito”. Para ele, o intenso debate político dos últimos anos “acabou contaminando as relações sociais”, criando uma sensação de divisão entre a nação que favorece conflitos. “A gente conhece as necessidades do nosso país, quer seja em relação à violência urbana, acesso a oportunidades de trabalho, proteção do meio ambiente, enfim. Os desafios são muitos, e são desafios que nós conhecemos. Eu acho que é importante o governo trabalhar, como eu disse antes… Antes de mais nada, a harmonia social, a reintegração do país. A gente vive em um país hoje em dia bastante polarizado, onde, infelizmente, o debate político acabou contaminando as relações sociais. Acho que o próximo governo deve prestar bastante atenção a isso. Tentar criar esse ambiente de harmonia e de respeito. Nós podemos ter opiniões distintas, podemos ter religiões diferentes, mas, ainda assim, nós podemos viver juntos como um corpo”, avalia. Segundo Gerson, que defende enfaticamente a separação entre política e religião, tal aspecto de reunificação perdido nos últimos anos passa pela garantia da laicidade e da manutenção do respeito a praticante de todas as religiões. “A reunificação social passa pela garantia da laicidade do estado, e que o estado passa contribuir para que todas as religiões tenham as mesmas oportunidades. E depois, claro, essa questão de oportunidades de trabalho. Nós sabemos as distinções que existem entre empregos para homens e empregos para mulheres, as facilidades que os brancos têm em relação aos negros, enfim. São muitos desafios que a gente tem no nosso país, e eles passam sim pela igualdade de oportunidades, proteção ao meio ambiente, mas acho que, sobretudo, essa distensão social que existe no Brasil tem que ser curada. É importante a gente poder voltar a viver como um povo independente das nossas opiniões políticas ou da nossa crença religiosa, e acho que o governo deve trabalhar por isso”, considera. Carioca de nascimento, mas baiano de coração, Gerson conta que é da Casa Branca, Comunidade de Candomblé localizada no Engenho Velho de Brotas, em Salvador. A Osvaldo, o diplomata declarou o seu amor pela Bahia e disse que o estado é a sua casa. “Olha, eu sou baiano. Eu nasci no Rio de Janeiro, mas eu sou baiano sim. Eu sou da Casa Branca, eu tenho uma relação forte com a cidade de Salvador, a minha comunidade é a comunidade do Candomblé, a comunidade da Casa Branca. Então, sim, eu nasci no Rio de Janeiro mas a minha história no Brasil é na Bahia. Minha mãe mora em Salvador, meus irmãos, meus sobrinhos, enfim. A minha vida é na Bahia. E quando eu vou ao Brasil, eu tenho que ir pra Salvador, tenho que comer minha moqueca, beber água de coco, tenho que fazer um passeio, mergulhar na praia, passar uns dias descansando na ilha de Itaparica. A Bahia é minha casa, a Bahia é minha vida”, afirmou. (Muita Informação).

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