

A ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para R$ 5 mil, válida a partir de 2026, deve alterar a rotina financeira de milhares de baianos. A mudança encerra a cobrança do tributo diretamente na folha de pagamento para quem se enquadra no novo limite, mas não elimina todas as obrigações previstas pela Receita Federal. No primeiro ano, por exemplo, todos ainda terão de declarar normalmente, já que a entrega de 2026 se refere ao ano-base 2025, quando as regras antigas estavam em vigor. A partir de 2027, o cenário começa a mudar de forma mais profunda. Contribuintes que recebem exclusivamente até R$ 5 mil e não possuem patrimônio relevante, investimentos, rendimentos isentos ou outras fontes de renda poderão ser dispensados da declaração anual. Na prática, porém, boa parte da população pode continuar obrigada a declarar, uma vez que critérios tradicionais — como bens acima do limite, movimentações financeiras e lucros — seguem valendo mesmo para quem deixa de pagar imposto mensalmente.
No dia a dia, a mudança deve impactar diversos trabalhadores, que poderão sentir alívio imediato no contracheque. Ao mesmo tempo, situações como vínculos múltiplos, horas extras e comissões podem alterar o enquadramento do contribuinte, exigindo mais atenção ao longo do ano para evitar erros, inconsistências ou cobranças posteriores. Segundo o economista e educador financeiro Marcelo Ferreira, a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para R$ 5 mil deve aumentar o consumo das famílias baianas a partir de 2026. A mudança libera parte da renda mensal de trabalhadores que ganham entre dois salários mínimos e R$ 5 mil, permitindo que esse público destine mais recursos para despesas essenciais e lazer. O efeito, segundo ele, varia conforme a composição familiar e o nível de gastos já comprometidos. “Primeiro efeito imediato é permitir que as pessoas nessa faixa de renda, entre dois salários mínimos e R$ 5 mil possam consumir mais. Então, isso vai permitir que talvez, se possa pagar com mais facilidade uma conta de água, de energia elétrica, um pouco mais de itens no supermercado, uma ida a mais a um restaurante ou ao cinema durante o mês, ou qualquer outra coisa relacionada a lazer”, afirmou. Ele observa que a alteração também impacta a economia de maneira geral, já que as empresas passarão a ter um pouco mais de receita, o que compensaria na arrecadação do governo, o que pode contribuir com melhor faturamento de empresas e, possivelmente, novos empregos. Sobre o equilíbrio das contas públicas, Ferreira alerta que a redução da carga tributária na base cria a necessidade de compensações. Embora o aumento do consumo gere alguma receita extra via empresas, o governo precisará buscar outras fontes, o que reacende debates sobre a taxação de lucros e dividendos, um tema juridicamente complexo. “Certamente há risco de compensações futuras em outros tributos. Fala-se muito ainda numa tributação de lucros e dividendos. Eu acredito que parte da perda da arrecadação com as pessoas físicas poderá ser compensada nas empresas. Não seria total, eu acredito, mas seria alguma contrapartida e aí o governo está abrindo mão de arrecadação, precisa fazer a compensação em algum outro local”, observou. Outro ponto de atenção é o entendimento das novas regras. Segundo o especialista, a complexidade do sistema tributário pode levar a equívocos, não necessariamente gerando multas imediatas, mas riscos futuros para quem tiver oscilações de renda, como férias ou extras, e acabar ultrapassando o teto de isenção sem perceber. “Não compreender as regras sempre é possível porque o sistema tributário brasileiro é realmente de difícil complexidade. O erro que poderia acontecer seria, de repente, alguém em um determinado mês, extrapolar a renda isenta, e esquecer de fazer essa declaração no ano seguinte… Eu acho que o principal risco de erro seria isso”, disse.
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