Flávio Dino suspende emendas suspeitas em municípios na Bahia e outros cinco estados

15/09/2025 02:12 • 4m de leitura

O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou, nesta segunda-feira (15), a suspensão imediata de todos os repasses de emendas parlamentares em que a Controladoria-Geral da União (CGU) identificou “indícios de crimes” em municípios na Bahia e em outros cinco estados. A decisão também incluiu a notificação da Polícia Federal (PF) para instaurar novos inquéritos ou complementar investigações já existentes. Segundo o ministro, a medida visa garantir transparência, rastreabilidade e fiscalização efetiva dos recursos públicos federais. A auditoria da CGU analisou a aplicação de emendas individuais em dez municípios em 2024, apontando falhas em nove deles, entre elas as baianas Camaçari e Coração de Maria. Apenas São Paulo (SP) cumpriu integralmente os requisitos de rastreabilidade e transparência exigidos pelo STF.

Municípios auditados com irregularidades

Entre os municípios com irregularidades detectadas, destacam-se dois na Bahia e outros espalhados por cinco estados:

  1. Camaçari (BA)
  2. Coração de Maria (BA)
  3. Carapicuíba (SP)
  4. Iracema (RR)
  5. Macapá (AP)
  6. Rio de Janeiro (RJ)
  7. São João de Meriti (RJ)
  8. São Luiz do Anauá (RR)
  9. Sena Madureira (AC)

Dois municípios estão na Bahia

Camaçari

Em Camaçari, a CGU apontou falhas na documentação das emendas e ausência de plano de trabalho, dificultando a fiscalização sobre a utilização correta dos recursos. Com a suspensão determinada por Dino, futuros repasses só poderão ocorrer mediante comprovação de regularidade e registro em Ordens de Pagamento de Parceria (OPP).

Coração de Maria

Em Coração de Maria, os auditores também identificaram irregularidades semelhantes, com plano de trabalho incompleto e falhas na execução das emendas. A medida permitirá que a PF e o STF acompanhem a correta aplicação dos recursos federais e evitem desvios.

Irregularidades em outros cinco estados

Carapicuíba (SP)

Em Carapicuíba, a auditoria detectou falta de transparência e inconsistências nos relatórios de execução das emendas individuais, comprometendo a rastreabilidade dos recursos públicos.

Iracema e São Luiz do Anauá (RR)

O município de Iracema foi apontado por irregularidades em emendas parlamentares, com documentação incompleta e falhas na comprovação de uso dos valores, exigindo investigação detalhada da Polícia Federal. Já o município de São Luiz do Anauá apresentou falhas na comprovação e rastreabilidade das emendas, o que levou à suspensão dos repasses até regularização completa.

Macapá (AP)

Em Macapá, a CGU identificou irregularidades semelhantes, incluindo ausência de plano de trabalho e execução fora dos critérios exigidos pelo STF, comprometendo o controle sobre os recursos.

Rio de Janeiro e São João de Meriti (RJ)

Na cidade do Rio de Janeiro, também foram detectadas falhas na execução de emendas individuais, com indícios de uso irregular de verbas públicas e documentação incompleta. Já em São João de Meriti, a auditoria apontou inconsistências semelhantes, reforçando a necessidade de controle rigoroso sobre os repasses.

Sena Madureira (AC)

Em Sena Madureira, as irregularidades identificadas incluem ausência de plano de trabalho e falhas na execução financeira, exigindo supervisão detalhada da PF.

Orçamento secreto e emendas Pix

O ministro Flávio Dino também é relator das ações sobre o orçamento secreto, incluindo as chamadas emendas Pix. Entre 2020 e 2024, R$ 694 milhões foram transferidos por meio de 964 emendas individuais sem registro de plano de trabalho, comprometendo a transparência e fiscalização. “É essencial que o controle e o acompanhamento dessas transferências sejam efetivos para garantir que os recursos públicos cheguem de forma correta e segura à população”, disse Dino durante sua visita a Salvador (BA) em 22 de agosto, quando recebeu o título de cidadão baiano pela Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA).

Novas regras para execução de emendas

Além da investigação das transferências especiais, Dino determinou:

  • Suspensão de emendas de relator (RP9) que não cumpram critérios objetivos;
  • Transferência de recursos apenas por bancos públicos com contas específicas para cada repasse;
  • A partir de 2026, todas as liberações devem ocorrer via Ordens de Pagamento de Parceria (OPP).

Contexto político e impacto

As decisões ocorrem em meio a críticas sobre a falta de transparência nas emendas parlamentares, que permitem repasses diretos sem comprovação imediata. Com as medidas, o STF reforça seu papel na fiscalização, garantindo responsabilidade, transparência e controle do orçamento público, com destaque especial para os municípios da Bahia, que foram diretamente impactados.

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