Com 1 hora de atraso, encontro de chefes de Estado do G20 começou, na manhã desta segunda-feira (18), por volta das 11 horas, no Rio de Janeiro. A reunião de líderes no Rio terá ao todo 55 delegações, entre países membros, convidados e organizações internacionais. O evento é uma grande aposta do governo brasileiro de assumir um protagonismo global, mas deve ser ofuscado por debates em torno da eleição de Donald Trump, nos Estados Unidos, e da divergência entre os países a respeito das guerras na Ucrânia e no Oriente Médio. Desde antes do início do encontro, diplomatas desenvolveram um documento sobre temas que passará por deliberação dos líderes globais, mas há grandes riscos dessa declaração ser considerada sem efeito, devido às diferenças de posições de cada país. O principal risco à não assinatura do documento parte do presidente argentino, Javier Milei, que por suas posições muito parecidas com a de Trump, podem promover um fracasso diplomático nas negociações. A declaração final da Cúpula do G20 no Rio deve evitar menções diretas a Israel e Rússia, dois dos países mais poderosos envolvidos em conflitos armados. Ainda sobre o assunto, o termo ‘guerra’ não será usado em momento algum da declaração, visto que esse é o ponto mais sensível das negociações, refletindo o embate entre o G7, que apoia a Ucrânia, e o Sul Global adotam posturas pró-Rússia ou de neutralidade. O Itamaraty defende que o principal foco do G20 seja a busca pela paz, mas sem consenso. A escalada da guerra na Ucrânia, no último domingo (17), intensificou as tensões antes da Cúpula, por que após o ataque da Rússia a Kiev, os EUA autorizaram o uso de mísseis de longo alcance por parte da Ucrânia, o que pode significar também uma ação da Otan. O presidente norte-americano Joe Biden está presente no encontro, mas o russo Vladimir Putin, sob ameaça de prisão internacional, enviou o chanceler Serguei Lavrov em seu lugar. Os debates sobre a guerra também se estenderão sobre o conflito na Faixa de Gaza e nos ataques israelenses no Líbano, envolvendo o Hezbollah, com pressões de países árabes, da África do Sul e do Brasil para inserir críticas à ação militar de Israel, ainda que sem mencioná-lo diretamente. O primeiro tópico da agenda a ser tratado será a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, projeto proposto pelo governo brasileiro que visa criar um fundo de combate à extrema pobreza no mundo e já conta com adesão de 81 países. Sobre a pauta das mudanças climática, assim como na geopolítica, a divisão entre os membros do G7 e do Brics se torna evidente. Países ricos, que não cumpriram a promessa de financiar a descarbonização, criticam os maiores poluidores, como China e Índia, e exigem que as nações em desenvolvimento também arquem com os custos da transição energética. O Brasil e outras nações emergentes rejeitam essa cobrança. Além disso, os países desenvolvidos pressionam os emergentes a estabelecerem metas climáticas mais ambiciosas e a compartilharem o financiamento da descarbonização global. Com a possível retirada dos EUA do Acordo de Paris sob a liderança de Trump, o debate sobre o financiamento climático tende a resultar em um comunicado final pouco ambicioso.
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